São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
 |
|
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Pet Shop Boys encenam festa kitsch para brasileiros em show de 1994
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
Só agora, desatualizado, o produto chega ao Brasil. Os PSB já lançaram três discos após "Very" (94), a matriz do show -o mais recente, "Bilingual", de 96, resultado da experiência brasileira. Mas não se trata de atualidade. Isso não funciona com os PSB, que já são espécie de instituição -é quase bobagem desgostar deles. A apresentação carioca é, sim, espetáculo dos mais cafonas de que se tem notícia, que fariam corar Gretchen ou Charo. Acontece que sua cafonália é permeada de injeções de elegância -figurinos de luxo, citações à história do pop, projeções de Derek Jarman e Bruce Weber no telão. Entram escondidos atrás de perucas que homenageiam/satirizam a dupla-mito Lou Reed (encarnado pelo crooner Neil Tennant)/ Andy Warhol (o paradão Chris Lowe), como se fossem os novos papas do pop. Não é bem assim, meninos, mas tudo bem, pop é pop. E como pop é pop, é no terreno mais kitsch do pop que se refestelam. Cantam Village People ("Go West"), hits dance de FM ("Rhythm of the Night", "Mr. Vain"), Blur ("Girls and Boys"). No clímax, uma vocalista vem paramentada de sóror cantar "I Will Survive", hino-clichê de Gloria Gaynor, até o palco ser invadido por demônios vermelhos -Neil e bailarinos- que cantam "It's a Sin", citando de viés "Like a Prayer", de Madonna. É só desabuso. Com desfaçatez, imitam ícones kitsch e instalam no palco a panacéia sexual que fingem advogar, mas não advogam. As duas bailarinas desaparecem, e são os dois rapazes que explicitam a ética homossexual do show -dão piruetas, ficam nus, esfregam-se um no outro, esboçam danças que, saberíamos depois, eram em 94 embriões do tchan, da boquinha da garrafa, da macarena. Diferentemente das ditas cujas, no entanto, são chiques que só eles -ainda que bregas que só eles. São traídos em vídeo pela câmera amadora/constrangida que deixa escapar tudo que devia mostrar -menos a cafonice terceiro-mundista que é a cara deles (e dos 90). Vídeo: Discovery - Live in Rio Com: Pet Shop Boys Lançamento: EMI/PMI Quanto: R$ 23, em média Texto Anterior: Filmografia de Jean Renoir Próximo Texto: XPTO leva seu encanto a mostra Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |