São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Coquetel anti-Aids elimina HIV do sêmen

DA REPORTAGEM LOCAL

O médico norte-americano David Ho disse ontem que o vírus HIV, que causa a Aids, foi eliminado do sêmen e do fluido vaginal de seus pacientes, mas não foi erradicado de seus corpos. Ho falou durante a Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, em Washington (capital dos EUA).
Ho adiou por pelo menos um ano a apresentação dos resultados definitivos de sua terapia tríplice contra o vírus, o "coquetel" de drogas contra o HIV. Mas ele e outros pesquisadores apresentaram resultados que mostram progresso no uso desse tratamento.
O nome de sua conferência era uma pergunta: "O HIV pode ser eliminado de uma pessoa infectada?". A resposta: "Nós não sabemos claramente".
Ho anunciou no ano passado , no Canadá, que a terapia tríplice havia eliminado o vírus do sangue de seus pacientes. No entanto, o vírus ainda poderia estar presente especialmente nos tecidos linfáticos (onde se acumulam e são criadas as células de defesa do organismo, que são atacadas pelo vírus), ou no cérebro, por exemplo.
Pesquisas apresentadas ontem na reunião de Washington mostraram que, em pacientes tratados com o coquetel, houve redução da carga viral ("quantidade" de vírus) nos nódulos e outros tecidos linfáticos.
Os pesquisadores de Aids, no entanto, ainda não têm um padrão sobre a quantidade de vírus nesses locais que seria considerada "baixa", ou que tendesse a níveis indetectáveis -o que significaria cura.
Ho disse também que a terapia tríplice também está funcionando em doentes infectados há mais tempo do que aqueles em quem primeiro testou o "coquetel".
"Nós estamos obtendo resultados muito semelhantes com as pessoas infectadas há mais tempo e que ainda não haviam tomado qualquer droga anti-HIV até o início do tratamento com nossa equipe", disse o médico.
Esses primeiros pacientes começaram a terapia menos de 90 dias depois de terem sido infectados. É muito difícil perceber que houve infecção em espaço de tempo tão curto -nesse caso, quando a contaminação se manifesta, ela se assemelha a uma gripe forte.
Ho disse que vai mudar seus planos de interromper simultaneamente a medicação com as três drogas do coquetel para checar, daqui a um ano, se seus pacientes se recuperaram completamente da infecção pelo vírus.
Mas, enfim, o médico e pesquisador se mostrou otimista e lembrou que, há cerca de um ano, a idéia de que era possível eliminar o vírus "irritava" os cientistas.
Ho, no entanto, disse que está sendo difícil trabalhar com os "holofotes da mídia" sobre ele.

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