São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Sem-terra ocupam o Incra em Curitiba e saem com promessa

FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Cerca de 400 sem-terra ocuparam pacificamente ontem a sede do Incra em Curitiba para pedir a desapropriação da fazenda Pinhal Ralo, em Rio Bonito do Iguaçu (a 388 quilômetros de Curitiba).
O órgão prometeu vistoriar a área e caso constate irregularidades no plano de manejo sustentável desenvolvido pelo grupo Giacomet-Marondi, proprietário da área, irá pedir a desapropriação da fazenda.
A promessa foi feita pela superintendente regional do Incra, Maria de Oliveira, após reunião com os sem-terra.
Eles saíram sem incidentes do prédio.
No último dia 7, o Ibama cancelou a autorização do plano de manejo que vigorava para uma área de 30 mil hectares, do total de 81.992 hectares da fazenda.
Desses, 16,8 mil já foram desapropriados no início do mês.
Em protesto, os mesmos 400 sem-terra invadiram na quinta-feira a sede do Ibama em Curitiba, também sem incidentes. Eles querem assentar 3.000 famílias na fazenda.
A superintendente regional do Incra disse que a autorização do plano de manejo inviabilizava qualquer pedido de desapropriação da área.
Com o cancelamento pelo Ibama da autorização para o aproveitamento sustentado da área de reflorestamento, técnicos do Incra, Ibama e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, vão fazer uma vistoria emergencial nos 63 mil hectares remanescentes para verificar o inventário florestal e se a área continua produtiva.
Além da desapropriação da fazenda Pinhal Ralo, os sem-terra exigem a regularização de 81 áreas invadidas pelo movimento no Estado nos últimos dez anos, ocupadas hoje por 11,5 mil famílias.
O Incra anunciou que já realizou as vistorias nas áreas e que 80% foram classificadas de improdutivas.
Vinte e cinco propriedades já estão desapropriadas, mas a regularização dos assentamentos depende da Justiça.
A previsão do Incra é assentar, até julho, 2,5 mil famílias nas áreas já desapropriadas.

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