São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997 |
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Estrangeiros temem violência de SP
NOELLY RUSSO
Como os brasileiros, eles apontam a violência como a principal desvantagem da cidade, 42%. Por esse motivo, 26% dos entrevistados presenteariam São Paulo com segurança. A primeira idéia sobre São Paulo que vem à cabeça dos estrangeiros é negativa para 45%. A violência, 13%, foi o aspecto mais citado. Mais que os próprios paulistanos, os estrangeiros concordam com a afirmação de que a cidade é a locomotiva do Brasil, 90%. A Folha ouviu dez cônsules: Argentina, Estados Unidos, França, Marrocos, Portugal, Espanha, Itália, Costa do Marfim, Índia, Japão e Chile. Há consulados de 90 países na cidade. José Barbosa Ferreira, 62, cônsul-geral de Portugal, há um ano em São Paulo diz que o trânsito é a pior coisa da cidade. Para a consulesa dos Estados Unidos, a poluição é o maior defeito. Melissa Wells, há dois anos em São Paulo, acha que os paulistas podem se orgulhar de sua capital, verdadeiramente cosmopolita. Wells acha que a cidade poderia oferecer lavanderias automáticas a preços mais razoáveis. Ela diz que as lavanderias também poderiam lavar a seco com qualidade. Se quer se lembrar dos Estados Unidos, Wells vai a um dos restaurantes do tradicional edifício Itália (centro), que a faz lembrar do Rainbow Bar, no Rockfeller Center, em Nova York. Para Eduardo de Laiglesia, 50, cônsul da Espanha, o trânsito é o pior aspecto. Mas o defeito, para ele, é compensado pela vida cultural e noturna da cidade. A violência preocupa o cônsul chileno, Alfredo Tapia, 54, há dois anos em São Paulo. Tapia também elogia a vida cultural paulistana. Segundo o cônsul francês, a "pior coisa" é que a cidade o "curou" da saudade que ele costumava sentir de Paris. "Isso é ruim. Sempre que estava fora de Paris, sentia falta da cidade e costumava visitá-la regularmente. Hoje, não faço mais isso", diz Jean Levy, cônsul-geral da França em São Paulo. Para ele, os ares da Vila Madalena lembram a região de Saint-Germain no verão parisiense, quando bares e restaurantes ficam cheio de jovens. Multirracial O indiano R. Viswanathan, cônsul-geral da Índia, ainda não deixou de se espantar com a população de São Paulo, multirracial. Ele não gosta, entretanto, da falta de segurança. Amanhã, a comunidade indiana da cidade comemora sua data nacional. O adido cultural da Argentina, Eduardo Gomes, 49, há dois anos e meio na cidade, está satisfeito com as atividades culturais oferecidas por São Paulo. Para o italiano Stefano Alberto Canavezio, o trânsito e a poluição são as duas piores coisas em São Paulo. O melhor, em sua opinião, é a grande variedade de restaurantes italianos. "Há vários tipos de massa, muito bem feitos." Apesar da comunidade pequena, 8.000 pessoas, o Marrocos tem um consulado em São Paulo. O cônsul honorário, Hilton Antonio Pena, elogia a interrelação racial na cidade, mas detesta o trânsito. O italiano Mario Lorenzi, 71, é o cônsul honorário da Côte D'Ivore (Costa do Marfim) na cidade. A comunidade é formada basicamente por universitários. Há cinco meses em São Paulo, o cônsul-geral-adjunto do Japão, Susumu Segawa, 49, diz ficar feliz de encontrar japoneses e descendentes nas ruas. "Já morei no Rio e a comunidade lá é muito menor." Texto Anterior: A ótica de um sergipano Índice |
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