São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Governador critica ribeirinhos

ROGERIO SCHLEGEL
DO ENVIADO ESPECIAL

O governador Mário Covas disse ontem, durante sua visita a Eldorado, que "as pessoas não podem se instalar nas áreas próximas ao rio (Ribeira de Iguape), porque na época das cheias acontece isso", referindo-se à enchente que atingiu a cidade.
Covas fez a afirmação ao comentar projetos para construção de casas no Vale do Ribeira, que pretende implementar por meio da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo).
"Vamos construir casas para a população, mas não na beira do rio. É preciso fazer projetos em terra segura", acrescentou.
Para o prefeito Celso Luiz de Freitas (PFL), a afirmação do governador "joga a culpa" da enchente nos moradores da cidade.
"A cidade tem 152 anos. Como se pode culpar alguém que construiu na beira do rio há 20, 30, 40 anos, se nunca houve enchente igual?"
Para o prefeito, o aumento da vazão na represa de Capivari (PR) e a falta de represas que controlem o volume de água no lado paulista são os principais motivos para a calamidade na cidade.
Sem verba
O governador prometeu dar auxílio em produtos, como medicamentos e comida, e com projetos habitacionais.
Mas disse que não haverá liberação de verba especial para ajudar a prefeitura ou os produtores da região, onde há praticamente monocultura de banana.
"Resolver o problema da população, não dá para resolver. O Estado não pode enviar recursos para produtores que tiveram perda."
Herman Lescher, presidente da Câmara Setorial de Fruticultura de São Paulo e produtor da região, avalia que 95% dos 6 milhões de bananeiras de Eldorado devem se perder por causa da enchente. "Lá vem crise", acredita.
O prefeito Celso de Freitas calcula que serão necessários R$ 20 milhões para obras públicas de reconstrução da cidade. O orçamento da prefeitura para 97 é de R$ 8,6 milhões.
(RSc)

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