São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Enchente no Ribeira é a pior em 50 anos

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

A enchente no Vale do Ribeira foi a pior dos últimos 50 anos, segundo a Defesa Civil do Estado.
Em alguns pontos, o rio Ribeira de Iguape subiu 14,5 metros, como na cidade de Eldorado, a mais prejudicada pelas chuvas.
Existem na região, oficialmente, 8.268 desabrigados (pessoas que tiveram de sair de casa sem ter para onde ir) e cerca de 8.000 desalojados (que tiveram de deixar suas casas, mas se abrigaram com amigos e parentes).
Os desabrigados foram colocados em escolas, hospitais e ginásios esportivos. O governador Mário Covas anunciou ontem uma plano de emergência para a construção de habitações populares (leia texto abaixo).
A previsão da Defesa Civil é que apenas no domingo, se não voltar a chover forte, a água vá abaixar totalmente na região.
Por enquanto, o trabalho de emergência (distribuição de comida, água e roupas) está sendo feito, basicamente, por meio de nove helicópteros e barcos, segundo informações da Defesa Civil do Estado.
Hoje ainda, na cidade de Registro a água deve subir um pouco, atingindo cerca de dez metros além do leito normal.
Registro, que fica na parte baixa do rio onde o escoamento é lento, está recebendo as águas que estavam concentradas nas cidades localizadas acima. A secretaria estadual dos Transportes informou que 11 estradas da região do Vale do Ribeira estão interditadas.
O aceso à BR-116, em Barra do Turvo, também está fechado devido a queda de barreiras.
As equipes de manutenção rodoviária só vão poder entrar em ação quando o nível da água baixar.
Covas
O governador Mário Covas foi na manhã de ontem ao Vale do Ribeira. Ele disse que nos municípios de Eldorado, Registro e Sete Barras os estragos foram maiores.
"Felizmente o número de mortos não é tão significativo. Apesar de que uma morte já é suficiente para a nossa dor." Oficialmente, duas pessoas morreram na região.
O governador defendeu ontem a construção da usina hidrelétrica de Tijuco Alto. A barragem diminuiria o impacto das inundações.
A obra estava nos planos do seu antecessor, mas foi paralisada por liminar obtida na Justiça pelo Ministério Público, que alegou prejuízos ao meio ambiente.
O então deputado Fábio Feldman, hoje secretário estadual do Meio Ambiente, foi um dos maiores opositores da construção da usina. Covas diz que o impacto não seria tão grande.
O coronel Costa Ramos, coordenador estadual da Defesa Civil, visitou a região com o governador,
Ele disse que o atendimento de emergência está sendo difícil porque os acessos, principalmente, para Eldorado, estão interrompidos. Segundo o coronel, o mais dramático foi quando a defesa civil encontrou uma mulher no meio de uma plantação de banana em trabalho de parto. "Tivemos de socorrê-la de helicóptero."

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