São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997
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Doméstica não quer deixar casa

DA AGÊNCIA FOLHA EM SANTOS

A doméstica Célia Conceição de Oliveira, 35, é uma das 6.000 pessoas que vivem nas 23 áreas de risco de 19 morros em Santos, no litoral paulista.
O barraco onde ela mora com o marido, o segurança Aziz Alves, 37, e os quatro filhos fica em uma encosta no centro da cidade. Devido aos riscos de deslizamento, a família já foi removida da casa quatro vezes pela prefeitura.
A última foi em abril do ano passado, quando a família ficou instalada na Casa de Inverno, um abrigo municipal, para onde Célia afirma não querer voltar.
O acesso à casa é uma viela de terra a cerca de 500 metros de altura, após 146 degraus de escadaria.
Na noite de quarta-feira, uma pedra caiu sobre um barraco vizinho ao dela. Não houve vítimas.
A prefeitura desmontou o barraco e levou os moradores para a casa de parentes. Nos dias de chuva intensa, os pequenos corredores de terra entre os barracos se transformam em corredeiras de água.
Célia está em Santos há 22 anos. Ela veio de Minas Gerais aos 13 anos para trabalhar como doméstica. "Lá eu morava na roça e não tinha emprego. Aqui, se eu sair andando por aí, arranjo trabalho. Não vou embora nunquinha."
Mesmo sob risco, ela não aceita a hipótese de abandonar a casa de madeira, comprada há seis anos sem nenhuma documentação. Para Célia, os perigos são as chuvas de inverno, que demoram para passar. "Com chuva de verão eu não me preocupo, porque dá uma pancada e pára".

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