São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997 |
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Canosa leva produção mundial aos EUA
AMIR LABAKI
Sediado em Nova York, Canosa pilota há seis meses a sala do prestigiado Anthology Film Archives, depois de longo período à frente do cinema do Public Theater. Na próxima terça-feira, Canosa parte para os festivais de Roterdã e Berlim. No primeiro participa do júri internacional. Nenhum cineasta brasileiro ou latino-americano concorre ao prêmio em 97. Leia abaixo trechos da entrevista que Canosa concedeu à Folha por telefone, de Nova York. * Folha - Qual seu projeto para o Anthology Film Archives? Fabiano Canosa - É de restaurar em Nova York, logo nos EUA, a distribuição e exibição do cinema estrangeiro, que estava muito maltratado pelos distribuidores locais. Quando deixei o Brasil no final dos anos 60 e início dos 70, a distribuição era também muito pobre, devido ao regime militar e outras razões. Nos EUA, agora, a razão é cultural, não econômica. Aqui, quem distribui cinema estrangeiro não pensa mais se o filme é bom. Só se vai ou não dar dinheiro. Folha - Existe espaço para o cinema brasileiro? Canosa - Existe espaço para filme bom. O problema aqui não é ser brasileiro ou chinês, mas sim a perda da iniciativa de o público ler legendas. É um problema educacional. Estamos tentando criar interesse nas novas gerações de ir além da cultura americana hoje francamente hegemônica. Quanto ao Brasil, tento lançar neste ano "Terra Estrangeira", que me parece o filme brasileiro de maior perfil feito no ano passado. Estou colaborando também com a mostra de cinema brasileiro no MoMA (Museu de Arte Moderna) de Nova York, que acontece em novembro. A safra de 1996-97 vai entrar aqui em 1998 com uma abertura muito boa. "O Que É Isso, Companheiro?", do Bruno Barreto, também pode ter acesso a um público mais amplo, por ser falado metade em português e metade em inglês. Folha - O balanço de 96 do "Village Voice" já destacou seu programa de abertura. Qual foi ele? Canosa - Chamava-se "O Melhor dos Independentes", misturando americanos e estrangeiros. Foi uma espécie de ponta de lança para lançamentos como o de "Um Olhar a Cada Dia", do Theo Angelopoulos, que está fazendo um sucesso fenomenal. Um filme que era considerado "impossível" pelos distribuidores tradicionais já tem marcadas 20 salas pelo país. Folha - Como você viu a ausência de seu nome do livro de Rogério Durst sobre a "Geração Paissandu" (Relume Dumará/Rio Arte)? Canosa - Soube e achei muito engraçado. Não li o livro ainda. Deve ser sobre algum aspecto parcial. Se for um livro sobre o cinema Paissandu, é uma omissão que se deve ao fato de a pesquisa no Brasil ser muito simplória. Ele não viveu a época. Sempre fui "low profile", mas todos que acompanhavam a sala sabem de minha atividade. Bresson e Godard foram exibidos muito devido ao meu entusiasmo. Texto Anterior: Feira exibe single raro dos Beatles Próximo Texto: 6 brasileiros vão a Roterdã Índice |
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