São Paulo, sábado, 25 de janeiro de 1997 |
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Globo de Ouro de 'Kolya' renova cinema tcheco
LEON CAKOFF
Menzel tinha 30 anos quando recebeu o Oscar de melhor filme estrangeiro, em 68, por "Trens Estreitamente Vigiados". Na então Tchecoslováquia, depois da invasão soviética em 68, caiu em desgraça e sofreu censura sistemática, mas teimou em nunca abandonar o país. Agora, Jan Sverak, um discípulo e assistente de Menzel, pode repetir o sucesso aos 32 anos, com o seu quarto filme "Kolya" (que aqui terá acrescido o subtítulo imbecil "Uma Lição de Amor"). O fato de ter levado o Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro da temporada americana poderá influenciar a lista dos cinco finalistas para a mesma categoria na próxima rodada do Oscar. "Kolya" revela a resistência de um típico anti-herói do regime socialista. Anulado em seu talento musical de violoncelista, rebaixado e humilhado, Louka (Zdenek Sverák) sobrevive restaurando velhas lápides de cemitérios. O processo kafkiano que o atinge se perde nas mesquinharias do poder no partido comunista. Sua carreira musical é interrompida com um inquestionável processo sumário. Nos labirintos da paranóia, sua resistência revela as emoções de um inconformismo travestido de conformismo e resignação. Louka simboliza a alegria de viver na clandestinidade. Suas emoções e a música que o acompanha confundem-se com o pleno domínio de uma pontuação escapista. Seja nas paisagens de uma Boêmia ainda distante da truculência do partido e dos invasores soviéticos, seja no refúgio dos cemitérios. Até que a russificação atinge o jovial sexagenário. Na forma voraz de um choque cultural, de um casamento por conveniência, de uma russa trambiqueira atrás de um passaporte tcheco. A mulher parte em seguida, mas o faz "herdar" um filho russo de cinco anos chamado Kojya. Agora Louka tem um filho que não é seu para cuidar, precisa representar um desajeitado papel de pai para não levantar mais suspeitas sobre o seu casamento arranjado, com um inesperado problema maior para resolver -a difícil comunicação com o "filho" que só fala russo e a inevitável afeição que o começa a prendê-lo à criança. Com a chamada "Revolução de Veludo", a desintegração do bloco socialista, a mãe russa volta para reclamar o filho abandonado e outra vez interfere na pequena felicidade do músico. Assim se faz este pequeno filme cheio de grandes emoções. A mea-culpa em Hollywood redime-se de tempos em tempos pinçando filmes assim. Texto Anterior: 6 brasileiros vão a Roterdã Próximo Texto: 'Negras Imagens' monta caleidoscópio Índice |
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