São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 1997 |
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Cerco à "lavagem" reduz transferência
GILSON SCHWARTZ
Segundo o departamento econômico do BC (Depec), as transferências unilaterais por conta da "manutenção de residentes" (por onde vem o dinheiro dos trabalhadores no exterior) caiu de US$ 1,470 bilhão para US$ 1,212 bilhão entre 1995 e 1996. Mas a queda foi mais forte na conta denominada disponibilidade de moeda estrangeira, reduto das célebres operações com as contas CC-5. Segundo o chefe do Depec, Altamir Lopes, nessa rubrica a queda foi de US$ 1,420 bilhão para US$ 650 milhões. Os números, portanto, mostram que, uma queda de cerca de US$ 1 bilhão na conta de transferências unilaterais, apenas US$ 258 milhões (25% da queda) deve-se às menores remessas para manutenção de residentes. O grande efeito aconteceu porque o BC apertou o controle sobre as contas de não-residentes. Esse controle maior começou já em 1995, resultado da descoberta de falcatruas em operações do Banco Nacional. Aumentou também a pressão internacional, sobretudo dos Estados Unidos, contra a lavagem de dinheiro do narcotráfico. O rastreamento do "esquema PC" também teve um papel. Finalmente, a enxurrada de "investimentos" externos no rastro dos juros elevadíssimos do Plano Real obrigou o BC a fechar as portas, tributando e, em abril de 1996, aumentando os controles sobre as contas CC-5 (criadas em 1969). A queda na remessa de dinheiro por parte dos dekasegui não é expressiva. Há um bom motivo para as remessas diminuírem: a economia japonesa estagnou, o movimento migratório diminuiu e a taxa de câmbio entre o iene e o dólar sofreu uma desvalorização brutal. Ou seja, o trabalhador que usava os ienes de seu salário para comprar dólares e remeter ao Brasil foi ficando mais pobre, em dólares, já que a moeda japonesa perdeu valor. Um dólar comprava 85 ienes em 1995. Na semana passada, o mesmo dólar comprava 119 ienes. O trabalhador precisaria, portanto, ganhar mais ienes para poder comprar a mesma quantidade de dólares. Mesmo assim, a queda não foi expressiva. O BC ainda não divulgou os dados abertos por origem (as principais remessas vêm dos EUA e do Japão), mas técnicos da instituição confirmam que a queda não foi expressiva. Na mesma direção vai Jorge Yoshino, gerente do Banco América do Sul, que tem cerca de 25% do mercado de transferências de dekasegui, concorrendo principalmente com o Banco do Brasil e o Banespa. Texto Anterior: Desejo de sair ainda existe Próximo Texto: Emigrante poupa US$ 6.000 em 1 ano, e não volta aos EUA Índice |
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