São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997 |
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Ópera afina estudantes nova-iorquinos
GILBERTO DIMENSTEIN
Dois anos antes, a escola figurava nos últimos lugares da lista de avaliação das escolas do Estado. Com verbas federais e dinheiro de fundações privadas, a escola firmou acordo com o departamento de educação do Metropolitan Opera, principal teatro de ópera americano. Até então, o teatro apenas estimulava que os alunos assistissem gratuitamente aos ensaios. Com o projeto, eles foram para a sala de aula, administrando o curso, onde viram o drama de perto. Crianças hispânicas, negras e asiáticas, na maioria carentes, mais acostumadas a ouvir rap ou salsa foram expostas a cantores que "berram" em língua incompreensível. "Aos poucos, eles foram introduzidos ao encanto da ópera", conta Mary Jo Lassen, responsável pelo programa. A ópera era apenas um pretexto. "A música serve para integrar várias matérias ao mesmo tempo", afirma a diretora Jo Asciutto. Por meio dela, alunos são levados a estudar faraós do Egito ou Napoleão, por exemplo. Além de entender o que é encenado, os alunos são ensinados a produzir um espetáculo, exibido no final do ano para colegas e pais. Preparam o custo (o que exige matemática), produzem o figurino (geometria), escrevem as letras (redação), lêem textos de outras óperas (leitura), fazem pesquisa de época (história). Tudo é realizado em computador, habilidade de indispensável de qualquer trabalhador. Depois, são levados aos ensaios no teatro, instalado no Lincoln Center, e entrevistam os artistas. Um deles foi Plácido Domingo. Além da entrevista, ele deu autógrafos e se deixou fotografar. "Nunca pensei que pudesse ter um autógrafo dele", orgulha-se Hay Nguyen, que assistiu a "Madame Butterfly". Crystal Sala apreciou "Madame Butterfly", mas tem outras preferências. "Gosto mesmo de `La Traviata"', opina. A escola procura também envolver os pais, tentando estimular o interesse na educação dos filhos. A família inteira vai ao teatro. Se já é difícil introduzir as crianças, imagine os adultos. "Não paramos de surpreender", afirma Mary Jo. Ela soube que pais pobres estavam dando a seus filhos CDs com trechos de óperas. Hoje a escola se orgulha de ter saído da linha vermelha no ranking das escolas de Nova York, graças ao melhor desempenho em matemática e leitura. Texto Anterior: Zona leste da capital é atingida por cheia Próximo Texto: Escola islâmica recebe dinheiro do governo Índice |
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