São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Autor quer retratar Lampião em HQ

CRISTIANE YAMAZATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Herói ou bandido? Com essa dúvida na cabeça, o roteirista de quadrinhos Wilson Vieira, 47, começou a pesquisar tudo sobre a vida do brasileiro Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião".
Lampião foi uma figura que liderou um grupo de nordestinos pobres armados e justiceiros, entre as décadas de 1920 e 1940.
Depois de cinco anos revirando livros e documentos, Wilson idealizou "Homens de Couro", série de 20 álbuns com desenhos em preto e branco que contam a vida de Lampião, assassinado em 1938.
No ano passado, o roteirista enviou o projeto para o Ministério da Cultura. E depois de alguns meses, "Homens de Couro" foi aprovado pela Lei Rouanet.
"Essa deve ser a primeira vez que o governo libera verbas para um projeto de HQ. Isso pode servir como incentivo aos criadores de histórias em quadrinhos", diz.
O valor do investimento autorizado, de R$ 352 mil, também chama atenção. "Quero fazer uma série impecável que possa ser vista no exterior. Pedi a quantia, e ela foi liberada."
Quanto à escolha do tema, Wilson conta que o seu objetivo é difundir uma versão mais verdadeira da vida de Virgulino Ferreira.
"Mais do que herói ou bandido, Lampião foi um ser humano que lutou pelas injustiças em uma região dominada pelos coronéis. Conhecer a sua vida ajuda a compreender melhor o Brasil."
Além da trajetória de vida de Lampião, Wilson também resgata na série "Homens de Couro" lendas brasileiras, tipo Mula Sem Cabeça, Saci Pererê etc.
Os "causos" são contados quando os cangaceiros se reúnem em volta da fogueira. Segundo ele, essa foi a ponte encontrada para divulgar um pouco do folclore brasileiro.
Centenário de Lampião
Em junho do ano que vem, será comemorado o centenário do nascimento de Lampião.
Para aproveitar a data, Wilson pretende divulgar e incluir seu trabalho em feiras e exposições que relembrem o centenário.
"Aproveitando a comemoração, gostaria que adolescentes e adultos conhecessem um pouco mais da história nordestina. E por que não em formato de HQ?"

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