São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Saga dos Mamonas começa a virar filme

RANIERI MAIA RIZZA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Quase três décadas separavam o filme "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa" do grupo Mamonas Assassinas quando o cineasta Lui Farias, zapeando o controle remoto da TV, descobriu que os novos ídolos poderiam protagonizar um filme.
Isso foi no final de 1995, e alguns meses antes do trágico desfecho da carreira da banda. Agora, Lui, juntamente com o produtor Antônio Carlos Troian e o jornalista Eduardo Bueno, passará para o celulóide a trajetória dos Mamonas.
Na ocasião que Roberto Farias, pai de Lui, dirigiu as aventuras de RC, Erasmo Carlos e Wanderléia, os caras que se encontrariam em Guarulhos e seriam sucesso nacional nem haviam nascido.
" 'Mamonas, o Muve' (título provisório, parodiando "the movie") procurará passar a mensagem positiva de um grupo que batalhou muito para mostrar a sua irreverência", conta Antônio Carlos Troian, diretor da produtora gaúcha de shows Palco 1, e empresário do Kid Abelha.
Linguagem de videoclip
Cuidando da produção executiva dos shows do Mamonas, foi "Carlão" que acertou verbalmente os detalhes da produção com o vocalista Dinho. Com a morte dos integrantes do grupo, em acidente aéreo em 1996, o projeto foi esquecido, ressurgindo agora com a proposta de reproduzir momentos de palco e dos bastidores da turnê feita pelo país.
"Será um filme engraçado, com linguagem de videoclipe e todas as músicas do grupo, e filmado em várias cidades por onde eles passaram", diz Eduardo Bueno, o "Peninha", autor da biografia autorizada da banda, "Blá, Blá, Blá", que servirá de base para o filme, e um dos responsáveis pelo roteiro.
Segundo Peninha, deverão constar cenas que reproduzem momentos como o do encontro dos Mamonas com um grupo que fazia covers deles em uma praia de Natal (RN). "A história dos Mamonas é emocionante e superbrasileira. Quando escrevi o livro, procurei utilizar uma narrativa impressionista, já pensando em uma adaptação para o cinema."
"Mamonas, o Muve" tem o início das filmagens previsto para julho deste ano, e deverá ser lançado em 1998. Há também a pretensão de, após o filme, fazer um desenho animado sobre o grupo, igualmente assinado por Lui Farias.
Os atores que encarnarão os irreverentes garotos ainda não foram definidos. Os direitos patrimoniais da obra serão divididos entre Lui Farias e a Palco 1 (50%) e a B&S (os empresários da banda, Rick Bonadio e Samy Elia) e a família do Mamonas (50%).
Fã maior
Tanto o diretor Lui Farias como Eduardo Bueno têm em comum o fato de não terem conhecido os Mamonas. No caso de Peninha, não havia o mínimo interesse pelo trabalho do grupo, fazendo o tipo "não vi, não gostei".
"Eu assumo 'mea culpa'. Fiz parte dos formadores de opinião preconceituosos", diz o jornalista, ressaltando que, ao escrever a obra, criou uma grande admiração pelo grupo. "O fato de não ter tido nenhum contato transforma a gente em um fã maior: aquele cujo acesso é inacessível."
Antônio Troian começou a amizade com Dinho, Bento, Júlio, Samuel e Sérgio antes do fenomenal sucesso. "Apostamos neles e, em acordo com a B&S, fomos responsáveis por 80% dos shows", diz. Pela primeira vez, ele investe em produção cinematográfica.
"Ninguém descobriu os Mamonas. Eles se descobriram. Embora o Rick e o Samy tenham feito um ótimo trabalho, nós fomos alguns dos que entraram no espírito mamônico." O tal espírito é definido por Carlão como um "escracho profissional em clima de união".

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