São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Bennet inventa punk surf melódico

JOSÉ NORBERTO FLESCH
DA "FT"

Imagine o Green Day convidando os Monkees para "tirar um som", ou vice-versa. O resultado provavelmente seria parecido com o que o quarteto inglês Bennet mostra no CD "Super Natural", lançado aqui pela Roadrunner.
No disco, o Bennet chega a uma das versões mais melódicas e interessantes que o punk já mostrou. A faixa "Someone Always Gets There First" é o melhor exemplo.
Em "I Hate My Family", o grupo soa como um Nirvana com menos gritaria e mais melodia.
Mas o grande destaque é "Young, Free and Sorry". A canção faz a ponte perfeita entre o rock dos anos 60 e o dos 90 e é candidata desde já a single do ano.
O "melodic surf punk" do grupo é bem-humorado e termina com uma brincadeira. Após a última música, há um intervalo de dez minutos e entra uma "secret track" (faixa secreta). A canção "escondida" não passa de uma baladinha com uma letra que diz "meu bem, tenho dois ingressos para ir à discoteca. Você iria comigo?" e coisas do tipo.
Em entrevista, o cantor e guitarrista Jason Applin, 26, fala sobre "Super Natural", revela um encontro com o baixista do Sepultura e diz que "está faltando humor às bandas do rock atual". Abaixo, trechos da conversa com Jason.
*
Folha - Há um monte de influências na música do Bennet. Como você define o som de vocês?
Jason Applin - Acho que guitar pop seria uma boa definição.
Folha - E por que não chamar de melodic surf punk?
Applin - Ei, gostei disso. É boa.
Folha - É nítida, no som do Bennet, a influência de grupos como Monkees e Green Day. Mas que outras bandas foram importantes para definir a música de vocês?
Applin - Se há uma banda que todos no grupo gostam é o XTC. Outra é o Pixies, mas nesse caso você não vai achar muita influência em nossa música. Quanto aos Monkees, foram tão essenciais quanto os Beach Boys para definir o que fazemos. O Green Day serve de base para um monte de gente.
Folha - Vocês utilizam muito humor nas músicas e cantam letras sobre vários personagens. Isso lembra bastante o Toy Dollz. Mas, no caso de vocês, são pessoas fictícias ou existem realmente?
Applin - O que acontece é que as bandas atuais são sérias demais. Falta humor para elas. Nós gostamos de nos divertir e achamos que o público também merece rir. Quanto aos personagens das músicas, depende. "Curly Shirly", por exemplo, é fictício. Em outras canções, falamos de gente que conhecemos, mas mudamos os nomes para protegê-las. E há outras em que homenageamos pessoas.
Folha - Quem é o Charlie de "Cha Cha Charlie", por exemplo?
Applin - É o avô de Kevin (Moorey), nosso baterista.
Folha - E Jordan Bennet (nome de uma das canções do CD)?
Applin - Não existe. Jordan poderia ser outro nome qualquer e Bennet porque é o nome do grupo e sobrenome parecido com o do baixista (Andy Bennett).
Folha - Vocês se mostram bem românticos nas letras das canções de "Super Natural". Isso é real ou só acontece nas músicas?
Applin - No meu caso, sou mesmo romântico. Pedi minha namorada em casamento e ela aceitou.
Folha - O Bennet ainda é pouco conhecido no Brasil, mas algumas bandas nessa situação já se apresentaram por aqui. Vocês virão?
Applin -Acho quase impossível. É caro tocar em um lugar distante.
Folha - Que sabe sobre o Brasil?
Applin - Muito pouco. O que sei foi depois de uma conversa com o (Paulo) baixista do Sepultura.

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