São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Atores não fazem a diferença em 'Twister'

LÚCIO RIBEIRO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

O megassucesso "Twister", a ressurreição do cinema-catástrofe que chega agora às locadoras brasileiras, é um filme em que seu ator principal não é outro a não ser o próprio tornado.
Nas cenas em que os "monstros de vento" não surgem por trás das montanhas, para depois destruir casas ou fazer caminhões, árvores e vacas (sim, vacas) voarem, o filme não passa de um sopro.
Não foi difícil para os tornados roubarem a cena dos "humanos" Bill Paxton e Helen Hunt (do seriado da Sony "Mad about You").
Os atores de carne e osso destacados para liderarem "Twister" não estão à altura da produção e da originalidade que bancam o filme.
O empreendimento arrecadou cerca de US$ 300 milhões nas bilheterias no último verão americano graças à "tour de force" que reuniu a direção de Jan De Bont ("Velocidade Máxima"), a produção de Steven Spielberg, os efeitos especiais da Industrial Light & Magic de George Lucas e o roteiro de Michael Crichton ("Parque dos Dinossauros").
A trama que permeia o filme diz respeito à disputa entre dois grupos rivais de cientistas que investigam o fenômeno dos tornados.
Em um desses grupos estão Jo e Bill (Hunt e Paxton), que passam eles mesmos por uma tempestade em seu casamento. Mas mesmo assim o casal está unido pela obsessão com uma máquina chamada Dorothy, que eles inventaram.
Dorothy foi construída para soltar sensores no núcleo dos tornados, o que resultaria, segundo os cientistas do filme, em uma melhor prevenção dos ciclones.
Roteiro à parte, é a mágica de "Twister" que conta. Não é à toa que a máquina que ajudaria a humanidade a conhecer os tufões se chama Dorothy. O nome é referência à personagem de Judy Garland em "O Mágico de Oz". No clássico, Dorothy era levada para o mundo de Oz por um tornado.
Se a Dorothy de "Twister" vai mesmo conseguir fazer com que o homem consiga controlar a natureza, o filme não se atreve a cravar.
Jan De Bont conta com esse duelo de mortais versus forças naturais para estabelecer o fascínio e o medo em "Twister". Um medo muito mais eficaz do que os produzidos em filmes de terror.
Ou seria um acaso De Bont fazer um de seus tornados botar abaixo o drive-in que no momento mostrava na tela uma tenebrosa cena de "O Iluminado", de Kubrick?

Filme: Twister
Produção: EUA, 1996, 112 min.
Direção: Jan De Bont
Com: Bill Paxton, Helen Hunt
Lançamento: CIC Vídeo (011/816-0852)

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