São Paulo, segunda-feira, 27 de janeiro de 1997
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Curitiba é modelo para prefeito romano

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais de 2.500 anos de história, Roma teve vários tipos de governantes. Dos chefes tribais, passando pelo "rex" (rei), o cônsul, o ditador (como César), o imperador, o papa, e prefeitos intendentes, escolhidos pelos vereadores.
Só em dezembro de 1994 os romanos puderam votar diretamente numa eleição para a prefeitura. Venceu Francesco Rutelli, então com 39 anos, uma das estrelas ascendentes na coalizão de centro-esquerda que governa o país.
Ainda na campanha, Rutelli surpreendeu ao afirmar, em entrevista ao diário "L'Unità", que seu modelo de administração era a brasileira Curitiba. Rutelli explicou suas razões, elogiando a seriedade e criatividade de Jaime Lerner, hoje governador do Paraná.
Esse contato iniciou um namoro com o Brasil. Rutelli já elogiou programas sociais brasileiros, como o Projeto Axé, da Bahia.
Rutelli se projetou politicamente como líder do Partido Radical, aquele da atriz pornô Cicciolina. Passou então à Federazione dei Verdi, o Partido Verde italiano.
Chegou a ser indicado ministro do Meio Ambiente, cargo que ocupou por apenas quatro dias.
Apoiado pelo Partido Democrático da Esquerda, dos ex-comunistas, ele disputou as eleições de 94 em Roma contra o líder neofascista Gianfranco Fini. Venceu.
Fundamental nessa vitória foi o rejuvenescimento que ele trouxe ao discurso político da esquerda. Ressaltou a preocupação com os jovens, a ecologia, além de procurar soluções criativas para os eternos problemas urbanos de Roma.
Com uma pitada de liberalismo, ele desafia dogmas dessa mesma esquerda. Rutelli aprovou a abertura do comércio aos domingos, dobrando a resistência sindical.
Rejeitou ainda homenagear o escritor anglo-indiano Salman Rushdie, condenado à morte pelo livro "Versos Satânicos". Não quis ofender a grande comunidade islâmica romana.

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