São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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Tensão domina líderes governistas até a obtenção do quórum necessário

DENISE MADUEÑO
DANIEL BRAMATTI

DENISE MADUEÑO; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Deputados oposicionistas tentam obstruir processo e se negam a registrar votos no placar eletrônico

A Câmara viveu ontem um de seus dias mais tensos. A euforia demonstrada pelos governistas nos últimos dias foi substituída por preocupação até as 18h30, quando o quórum mínimo necessário para aprovar a emenda da reeleição (308 presentes) foi atingido.
A emenda da reeleição foi aprovada às 20h58 com 336 votos favor, 17 contra e 6 abstenções.
Os deputados oposicionistas se mantiveram em plenário, mas se recusaram a votar, na tentativa de evitar quórum para a votação.
O governo precisou negociar com os deputados dissidentes até o último momento.
Às 18h, os líderes intensificaram a operação de guerra para encher o plenário.
Naquele hora, faltavam ainda 21 parlamentares no plenário para assegurar o quórum mínimo para o início da votação.
Obstrução
A oposição e deputados do PPB, partido do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf, estavam em obstrução. Os parlamentares permaneciam no plenário, mas se negavam a registrar presença como forma de obstruir o processo.
O governo enfrentava também problemas em sua base de sustentação. Parte dos aliados se mantinha em obstrução e anunciava que só votaria se o quórum mínimo fosse atingido.
"Está duro. Já pusemos todos do PSDB. O PMDB está fazendo o esforço que pode, mas ainda há poucos deputados no plenário", resumiu o secretário-geral do PSDB, Arthur Virgílio (AM), às 18h. Nesse momento, o painel registrava 287 deputados.
Quando a discussão da emenda começou, às 17h17, os líderes a todo momento consultavam o painel e, por telefone, convocavam os ausentes.
Maca
O PSDB montou um esquema para trazer em uma maca o deputado Edson Silva (PSDB-CE), que está doente.
Até que o quórum fosse atingido, os deputados se revezaram na tribuna fazendo discursos a favor e contra a emenda. A estratégia inicial do governo era encerrar a discussão quando seis deputados tivessem falado, como permite o regimento da Casa.
Para ganhar tempo, o presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), acabou permitindo que 14 deputados se pronunciassem.
A oposição, percebendo a dificuldade do governo, tomou a iniciativa de requerer o encerramento da discussão e pediu o início da votação. "Vota, vota, vota", gritavam os oposicionistas.
O requerimento foi aprovado por aclamação. Os governistas também concordaram em encerrar a votação.
Guerra de informações
Desde a manhã, os líderes governistas checavam a presença dos deputados. As declarações eram de otimismo.
Na guerra de informações, os partidos de oposição também cantavam vitória.
"Temos 220 deputados dispostos a fazer obstrução. O governo não vai ter coragem de colocar essa emenda para votar", afirmou o deputado José Genoino (PT-SP).
"Mesmo se tiver um terremoto, uma catástrofe em Brasília e todas as entradas do Congresso forem fechadas, nós já temos 340 votos a favor da reeleição", afirmou o líder do governo na Câmara, Benito Gama (PFL-BA), às 15h30.

LEIA EDITORIAL sobre a votação da emenda da reeleição

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