São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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Chedid obtém vitória em comissão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) da Câmara votou ontem pelo arquivamento da representação que pede a cassação do mandato do deputado Marquinho Chedid (PSD-SP).
Chedid é acusado de pedir propina para beneficiar donos de estabelecimentos que exploram o jogo de bingo. Os "bingueiros" foram investigados por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), da qual o deputado fez parte, em 95.
Apesar do resultado favorável a Chedid na comissão, o pedido de cassação ainda será votado em plenário. Caso 257 deputados votem pela perda do mandato, o deputado será cassado.
Ontem, os membros da CCJR aprovaram o relatório do deputado Benedito de Lira (PFL-AL) por 31 votos a 10. Houve uma abstenção. O documento, com 77 páginas, sugeria o arquivamento da representação que pede a cassação.
Ao final da votação, Chedid foi cumprimentado por diversos membros da comissão.
"Foi feita justiça. Mais do que o mandato, que é passageiro, minha dignidade e a de minha família foram resgatadas", disse.
Perguntado sobre a votação em plenário, Chedid preferiu não fazer comentários. "Agora vou curtir essa vitória."
Entre os dez oradores inscritos para discutir o assunto na comissão, apenas o deputado Jarbas Lima (PPB-RS) se manifestou contra o relatório.
Lima é o relator do processo de cassação do deputado Pedrinho Abrão (PTB-GO), acusado de pedir propina para manter no Orçamento a verba de uma obra da empreiteira Andrade Gutierrez.
O principal argumento usado por Benedito de Lira para pedir o arquivamento da cassação de Chedid foi a fragilidade das provas levantadas contra o acusado.
Para Lira, a investigação das ligações telefônicas do deputado, que sugeriam sua relação com "bingueiros", não serve como prova.
Em seu relatório, ele lembra que a lei 9.296, que permite esse tipo de investigação, só foi sancionada em 24 de julho de 96.
A escuta nos aparelhos de Chedid ocorreu antes disso, "portanto merece do julgador total desconsideração", segundo ele. Para Lira, a acusação está "baseada em meros indícios".
Como o pedido de propina foi denunciado pelos "bingueiros", Lira aproveitou para questionar a idoneidade dos acusadores.
O argumento foi endossado pelo relator da CPI, Eurico Miranda (PPB-RJ). Apesar de não ser membro da comissão, Miranda fez questão de comparecer à reunião de ontem para atacar o comportamento dos "bingueiros".

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