São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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Objetivo é ficar 20 anos no poder

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O principal projeto de Fernando Henrique Cardoso nos seus dois primeiros anos de governo foi tentar o direito de permanecer mais seis na Presidência.
Depois disso, o projeto será tentar conseguir outros 12 anos consecutivos -não para o próprio Fernando Henrique, mas para o grupo político do presidente.
Isso permitiria que os aliados de FHC ficassem hegemônicos por 20 anos no comando do país -de 1995 a 2015.
Esses 20 anos são considerados necessários pelo presidente e pelos seus aliados mais próximos como o tempo mínimo para recolocar o Brasil em linha com os principais países desenvolvidos do planeta.
O primeiro mandato de FHC seria apenas para, como dizem os tucanos, recolocar a casa em ordem. Isso inclui consolidar o Plano Real, fazendo com que a inflação se estabilize em um dígito.
Também nesses quatro anos iniciais seriam feitas algumas reformas possíveis. Possíveis, no caso, seriam as mudanças que não afetassem a frágil base de sustentação de FHC no Congresso.
PSDB
O presidente sabe que está ancorado por um partido débil, o PSDB, que até outro dia só tinha a quarta maior bancada da Câmara dos Deputados.
Por isso, FHC ainda acha necessário cortejar outros partidos, como o PFL (um aliado de primeira hora na campanha presidencial de 94) e o PMDB.
Passada a reeleição, entretanto, FHC já deu sinal verde para que o PSDB conquiste um lugar mais confortável dentro do Congresso.
Um dos maiores comandantes dessa missão é o ministro Sérgio Motta (Comunicações), que está fazendo contatos com parlamentares de todo o país para aumentar as bancadas do PSDB na Câmara e no Senado.
Essa seria a primeira providência para o primeiro dos próximos possíveis seis anos de FHC no poder: fazer do seu partido uma agremiação viável, que lhe permita dispensar uma aliança na hora de sair da Presidência, em 2002.
Os dois anos finais deste mandato, os governistas admitem, será de muitas dificuldades no Congresso. O PMDB pode sair esfacelado e complicar a aprovação de reformas constitucionais.
1998
Na melhor das hipóteses, os próximos dois anos -se assegurado o direito de disputar uma reeleição- serviriam apenas para FHC recompor a base de sustentação no Congresso. E para preparar a campanha para a eleição de 1998.
As reformas de fundo na economia e na estrutura da administração pública só poderiam mesmo acontecer a partir de um segundo mandato de Fernando Henrique.
Agora, o presidente estaria impossibilitado de tomar medidas impopulares, pois isso irritaria os deputados da base no Congresso.
Também estão descartadas medidas corretivas que signifiquem uma retração muito drástica na atividade econômica do país. As mudanças, se é que virão mesmo, serão apenas tópicas neste e no próximo ano.

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