São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 1997
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Empresa de planos de saúde alega defasagem de contratos

Blue Life aumenta 33,9% preço de plano de aposentado

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aposentado João Uhrig, 75, acaba de ser informado pela empresa de assistência médica Blue Life que o seu plano de saúde -que inclui a mulher Irmgard, 70- foi reajustado em 33,9% neste mês.
Uhrig recebe aposentadoria mensal de R$ 646,11 e diz que não pode arcar com esse aumento de preço, que considera injusto. "É um absurdo. A Blue Life já havia feito reajustes em 1996."
O casal Uhrig é um dos mais antigos sócios da Blue Life -o contrato foi feito em 1983. A Blue Life confirma o aumento e explica que Uhrig e a mulher "fazem parte de um pequeno grupo de associados antigos, cujos contratos estão defasados".
Esse pequeno grupo soma cerca de 15 mil contratos em todo o país, diz Sérgio Atala, advogado da Blue Life. Segundo ele, os aumentos previstos estão por volta de 34% e se farão em três etapas -fevereiro, março e abril.
"Realmente a Blue Life iniciou um trabalho de reequilíbrio econômico financeiro de um grupo de associados", diz uma nota assinada por Nancir da Cunha Marques, superintendente da Blue Life.
Na nota, ela explica que os preços pagos por um grupo antigo de associados ficaram defasados por causa de "vários planos econômicos" e que novos equipamentos médicos também encarecem os custos.
Atala diz que a Blue Life chegou a operar no vermelho porque "não suportava administrar essa massa de associados". Os reajustes deste ano, continua ele, devem ajudar a empresa a trabalhar no azul.
O advogado diz que uma empresa de assistência médica saudável deve operar com uma taxa de lucro líquido da ordem de 2% a 5% sobre o faturamento.
"Essa margem de segurança da Blue Life foi zero no ano passado. Por isso decidimos por esses reajustes em 1997."
O Procon está recebendo várias reclamações de consumidores inconformados com o aumento de preços das empresas de planos de saúde.
Maria Lumena Sampaio, diretora de atendimento, diz que, no caso da Blue Life, o Procon poderá pedir à Procuradoria Geral do Estado que entre com uma ação civil pública contra os reajustes.
"A empresa não pode reajustar preços no período de um ano. Ela alega que está agregando mais serviços. É preciso ver se isso está sendo feito."
Aulas de alemão Uhrig diz que ele a mulher estão procurando novas fontes de recurso. Ela decidiu dar aulas de alemão para ajudar nos gastos. Ele está à procura de um comprador para um sítio localizado na serra do Japi.

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