São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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Governo não fará retaliações

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado com o trâmite final da emenda da reeleição e com as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem a seus assessores que o momento não é para retaliações.
Isso significa que não haverá, pelo menos agora, demissão de pessoas indicadas pelos senadores do PMDB que foram contra a votação da emenda da reeleição na terça-feira.
FHC acha que retaliações agora não agregariam para o governo. Sua avaliação é que o momento é muito delicado para correr o risco de acirrar ainda mais os ânimos.
Uma das coisas que o presidente tem dito é que é necessário vencer uma batalha de cada vez. Pela lógica presidencial, agora é a hora de garantir as presidências da Câmara e do Senado.
No Senado, o trabalho a favor de Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) será discreto. A idéia é irritar o mínimo possível o adversário de ACM, o senador Iris Rezende (PMDB-GO).
Câmara
Já na Câmara, FHC nomeou um coordenador dos trabalhos. Será o líder do PSDB, José Aníbal (SP). Ele terá de garantir pelo menos 80 dos 90 deputados do PSDB para votarem a favor da candidatura de Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara.
Desde as 11h de ontem, José Aníbal já tentava garantir votos para o peemedebista. Conquistou, pelo menos, dois votos que seriam de Wilson Campos (PSDB-PE).
FHC não quer a derrota de Temer em hipótese alguma. Mas sabe que será uma tarefa difícil eleger o peemedebista.
No PSDB da Bahia, por exemplo, há muita resistência ao nome de Temer -que é visto apenas como candidato de Luís Eduardo Magalhães, o atual presidente da Casa.
Para garantir que terá sucesso nessa nova disputa, o presidente já começou a telefonar para os aliados. Ontem, FHC deixou claro qual será a estratégia.
Nos próximos dias, o presidente deve começar uma campanha mais ostensiva a favor de Temer. FHC fará isso com todo o cuidado, pois não deseja que suas ações apareçam na mídia.
Uma derrota de Temer seria considerada um fracasso pessoal de FHC. Além disso, o presidente considera que ficaria com a imagem de traidor -Temer foi o maior defensor da emenda da reeleição no PMDB.
(FR)

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