São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O desafio tecnológico

ELOI S. GARCIA

A situação atual do país exige das instituições de pesquisa em ciência e tecnologia aplicadas à saúde pública um papel ativo na busca de soluções para a crise que atinge a área.
Por outro lado, o processo de globalização econômica impõe o aumento de competitividade das organizações, que não pode ser conquistada sem investimentos bem aplicados.
Em face das recentes mudanças na economia nacional -abertura econômica, redução do papel do Estado na economia, ênfase no incremento da competitividade- e da tendência internacional de valorização do conhecimento e do aprendizado tecnológico, faz-se necessário que as instituições de pesquisa nacionais se adaptem a esses novos paradigmas e encontrem alternativas de sobrevivência e possibilidade de respostas rápidas e exequíveis.
O grande desafio deste fim de século é fornecer condições adequadas para o desenvolvimento tecnológico, proporcionando bem-estar à população brasileira, dotando-a de pleno acesso à prevenção e terapêutica dos variados agravos que a atingem.
Torna-se, portanto, fundamental o investimento em novas drogas, vacinas e terapias. Os recursos para esse fim não devem ser oriundos somente do setor público, que não tem conseguido demonstrar a capacidade financeira e a agilidade burocrática necessárias.
As atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção podem ser realizadas por meio da parceria entre o setor público, a iniciativa privada e outras formas de organização da sociedade. Esperar unicamente pela transferência de tecnologia do exterior é aprofundar a crise existente.
Observa-se, tendencialmente, uma enorme dificuldade de acesso às novas tecnologias relativas à saúde, por parte dos países em desenvolvimento, posto que estão concentradas pelas grandes corporações multinacionais, que, inclusive, vêm-se associando em setores de ponta -como a produção de vacinas por engenharia genética- e vêm sendo amplamente protegidas pelos mecanismos de propriedade industrial.
As instituições de ciência e tecnologia devem gerar respostas rápidas a problemas de grande complexidade, apresentando maior eficácia no gasto das verbas públicas. O gerenciamento institucional deve encontrar saídas para reduzir o tempo e os custos das atividades internas e evitar a duplicação de esforços.
Apesar das turbulências macroeconômicas que o país tem sofrido, dos cortes financeiros para as instituições de pesquisa e ensino, cabe aos atores envolvidos na geração do conhecimento científico-tecnológico assumir um papel ativo como indutores de mudanças para a sociedade brasileira.

Texto Anterior: Vida canina
Próximo Texto: Max sai do grupo Sepultura
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.