São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 1997
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"Black Album" de Prince virou mito

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Em 87, Prince (ele ainda se chamava assim) havia lançado o álbum duplo "Sign 'o' the Times", aclamado ao redor do mundo como sua obra-prima até então.
Consequência: um ano depois, a expectativa que cercava o lançamento de um novo Prince era enorme. E o disco ia se chamar "Black Album", como uma resposta negra ao "White Album" (68) dos Beatles.
Mas, em cima da hora, Prince achou que o resultado do trabalho não era satisfatório e decidiu interrompê-lo, obrigando a gravadora Wea a cancelar o lançamento.
Como era de esperar, o disco virou tesouro nas mãos da pirataria -é esse momento que o livro de Hanif Kureishi flagra, o da disputa a tapa pelo disco extirpado.
Aí já era mito, e se pode até suspeitar de que o aborto fosse não mais que resultado da visão de marketing privilegiada do artista.
Supostamente para conter a pirataria, em 94 a Wea lançou uma tiragem limitada do dito cujo (que chegou ao Brasil via importação).
Houve um acordo entre gravadora e artista, de que o disco seria comercializado por um período determinado e retirado de estoque. Hoje, está fora de catálogo e de volta ao mercado de raridades.
Distribuído meio em segredo, "Black Album" não fez furor. Nem era, afinal, obra especialmente afinada, mas uma coleção de oito funks que macaqueiam os ídolos do astro, George Clinton e Sly Stone, mas resultam inferiores a muitos funks do próprio Prince.
Ele inventou imediatamente outro disco inteiro, lançando "Love Sexy" ainda em 88. Não fez furor e era muito superior ao "Black Album". Esperto, Prince a um só tempo se livrou de um abacaxi e criou o mito de um "disco genial" que quase ninguém ouviu.
Assim, poucos ficaram sabendo que "Sign 'o' the Times" (ele próprio não o sabia, quando fez) é que era a versão negra do álbum conceitual dos Beatles. Temperamental, ele deixou essa escapar.
(PAS)

Onde encontrar - Baratos Afins (tel. 011/223-3629), R$ 22

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