São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Suruagy depõe e diz que foi 'encenação'

DA AGÊNCIA FOLHA

"Foi só uma encenação teatral", afirmou ontem o governador de Alagoas, Divaldo Suruagy (PMDB), a respeito do seu depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembléia Legislativa, que investiga irregularidades na emissão de Letras Financeiras do Tesouro do Estado.
Segundo o governador, o relatório da CPI já está finalizado e seu depoimento foi apenas uma formalidade. "Estavam com o relatório pronto desde ontem (quarta-feira)", afirmou.
O valor das emissões de títulos -R$ 301,6 milhões- teria sido usado para pagar dívidas do governo com empreiteiras e usineiros. O dinheiro deveria ser usado para pagar de precatórios.
Suruagy foi ouvido pelos integrantes da CPI no Palácio Floriano Peixoto, em Maceió.
A oposição continua duvidando da palavra do governador. Para a deputada Heloisa Helena (PT), da CPI, o governador "tem uma personalidade política habilidosa" e consegue "colocar a responsabilidade em outras pessoas".
"Eu não tenho dúvida de que ele sabe exatamente todas as questões relevantes (do caso). Os atos praticados foram feitos com seu aval e com o aval do vice-governador", afirmou Helena.
O depoimento durou três horas. Segundo a assessoria de Suruagy, o governador respondeu todas as perguntas da CPI, inclusive com a apresentação de provas documentais.
Ele alegou que não conhecia todos os detalhes que envolviam as negociações das Letras.
Suruagy fez críticas aos seus opositores e afirmou que "a sociedade alagoana se encontra diante de mais um escândalo patrocinado por adversários políticos do governo, que decidiram usar a CPI dos precatórios para produzir uma situação premeditada, conveniente a seus interesses".
O relatório da CPI estava sendo finalizado ontem. Ele deverá ser apresentado hoje na Assembléia Legislativa.
"Pelas evidências que estão colocadas até agora, tudo leva a um afastamento do governador", disse Helena.

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