São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fanatismo cristão levou ao fanatismo islâmico

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Michael Palin, ex-membro do grupo inglês de humor Monty Python, fez sucesso na TV tapuia com seus documentários sobre a viagem entre os dois pólos e a volta ao mundo em 80 dias.
Agora, seu colega Terry Jones repete a proeza. Jones é o narrador e co-produtor com a BBC de "Cruzadas", documentário que está sendo exibido no canal GNT, da Globosat.
Historiador, Jones criou vários esquetes "de época" do grupo. É dele o conceito da pelada entre filósofos gregos e de filmes como "Monty Pyhton e o Santo Graal".
Em "Cruzadas" Jones presta serviço a quem caiu no conto dos livros escolares. Se você ainda acha que os jesuítas foram superbacanas com os índios, preste atenção:
Em "Cruzadas", você fica sabendo que o ódio entre cristãos e muçulmanos começou quando Alexius, imperador de Constantinopla, escreveu ao papa pedindo que ele o ajudasse a combater os invasores turcos. Apaixonado pela idéia de criar uma superpotência, Urbano enviou tropas para, entre outras barbaridades, empalar, assar e comer crianças muçulmanas.
Misturando imagens da Guerra do Golfo e vitrais bizantinos com recriações de cenas de época, Jones derruba mitos, escudado por depoimentos de historiadores, teólogos e escritos antigos.
A saber: até a chegada da primeira cruzada, muçulmanos e cristãos viviam em paz na pacata Jerusalém.
Antes de partir da (hoje) Alemanha em direção à Terra Santa, os bárbaros dizimaram colônias judaicas, dando origem a um anti-semitismo que perdura na região até hoje.
O rei da Inglaterra, Ricardo Coração de Leão, era francês e não falava necas de inglês.
Os "assassinos", cuja origem é a palavra árabe "hashashoun", foram os primeiros terroristas da história, treinados para eliminar Saladin. "Cruzadas" traz ainda um filme ao estilo dos feitos pelos aliados na Segunda Guerra, convocando cristãos a se alistar.
E você também fica conhecendo um pouco da trívia da época: os cavalos dos cristãos tinham de ser baixos para que se pudesse subir e descer de armadura e garanhões, considerados mais valentes. Para bagunçar o coreto, os muçulmanos passaram a lutar com éguas no cio. É ou não uma delícia de espetáculo?

Texto Anterior: PMs agridem adolescente em suposta blitz no centro
Próximo Texto: Desbocada; Fresco; Bom, bonito e barato
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.