São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Janeiro está com superávit artificial

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As exportações e importações de janeiro serão equilibradas. Documento oficial obtido pela Folha comprova que pode haver até mesmo um pequeno superávit nas vendas ao mercado externo.
A balança comercial deste mês irá apresentar equilíbrio em função de problemas na implantação do sistema informatizado de contabilização de importações. Esses problemas prejudicaram as compras no mercado externo.
O resultado -o melhor dos últimos sete meses- é uma surpresa, já que o governo e o mercado trabalhavam com uma expectativa de déficit entre US$ 500 milhões a US$ 1 bilhão.
Levantamento feito pelo MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo) do dia 1º ao dia 28 de janeiro aponta um superávit de US$ 222 milhões. No período, as exportações atingiram US$ 3,13 bilhões e as importações ficaram em US$ 2,90 bilhões.
"Mesmo que esse levantamento não inclua os três últimos dias do ano, é possível constatar que haverá um equilíbrio na balança", disse o secretário de Comércio Exterior do MICT, Maurício Cortes.
Notícia boa
Mesmo que "mascarado" pelas dificuldades enfrentadas pelos importadores em janeiro, o já alcançado equilíbrio na balança -com possibilidade de se tornar superávit- é uma das melhores notícias que o governo poderia esperar neste início de ano.
Os resultados negativos da balança comercial têm sido apontados como o ponto fraco do Plano Real. Com o real valorizado frente ao dólar, fica mais barato importar, enquanto que as exportações se tornam menos vantajosas.
Déficit maior
A consequência dessa política cambial tem sido os sucessivos saldos negativos na balança comercial. Em 1996, a balança teve um déficit de US$ 5,53 bilhões. A expectativa é que, neste ano, as importações superem as exportações em pelo menos US$ 8 bilhões.
O equilíbrio da balança em janeiro é o melhor resultado da balança nos últimos sete meses. Desde maio do ano passado, as exportações não superavam ou empatavam com as importações.
Importações prejudicadas
A análise do levantamento feito pelo MICT demonstra claramente que a implantação do segmento de importação do Siscomex atingiu a performance das compras no mercado externo.
No dia que o sistema entrou em operação, 2 de janeiro, a média de importações foi de US$ 320 mil.
Para se ter uma idéia de como as importações foram afetadas naquele dia, basta comparar com o volume de compras no mercado externo no dia 28 de janeiro -US$ 251 milhões, o que significa um aumento de 78.000%.
O mesmo não aconteceu com as exportações. No dia 2 de janeiro, as compras no mercado externo foram de US$ 127 milhões, e no dia 28 as exportações alcançaram US$ 193 milhões. A diferença é de apenas 51%.
Expectativa
A expectativa é que o Siscomex resulte em aumento das importações -ou pelo menos a sua distribuição mais equitativa durante o ano. Isso deverá acontecer quando o sistema estiver funcionando com plena normalidade.
A facilidade e rapidez de operação deverá permitir que os importadores programem melhor as compras externas. Por outro lado, o sistema elimina qualquer possibilidade de um organismo do governo reter um pedido de importação por tempo indeterminado.
Com essa previsão, o governo espera facilitar ainda mais os procedimentos para a exportação. Nos próximos meses, o segmento de exportação do Siscomex deverá ter seu programa atualizado.

LEIA MAIS sobre balança comercial na pág. 2-11

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