São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Aumenta o crédito para casa própria

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Não será por falta de financiamento que a classe média deixará de realizar, em 97, o sonho de comprar a casa própria.
Uma montanha de recursos, superior a R$ 7,5 bilhões, foi depositada na caderneta de poupança desde outubro do ano passado e agora começa a transformar-se em financiamento habitacional. Os bancos têm de emprestar para a habitação, no mínimo, 70% do saldo médio semestral da poupança.
Bancos como o Bradesco e o Real, ávidos para emprestar os novos recursos e cumprir os investimentos obrigatórios no SFH (Sistema Financeiro da Habitação), iniciaram campanhas de financiamento para compra de imóveis novos ou usados, residenciais ou comerciais.
Os estrangeiros, como o Banco de Boston e o Citibank, reforçaram o atendimento que já vinham fazendo para dar vazão aos novos recursos e atender a demanda reprimida da classe média.
Bradesco
O Bradesco começa hoje a conceder cartas de crédito para a compra de imóveis, ressuscitando a antiga poupança vinculada.
O cliente deposita por três meses na caderneta de poupança o equivalente a 40% do valor do imóvel que queira comprar e sai do banco com a carta de crédito na mão.
"Invertemos as coisas. Antes os clientes procuravam imóveis e vinham buscar o empréstimo. Agora, o comprador já sai do banco com a carta de crédito, desde que tenha cadastro aprovado e renda mensal suficiente para tomar o empréstimo", diz Oswaldo fonseca, diretor do Bradesco.
As cartas terão prazo de seis meses. O banco irá emprestar tanto no SFH quanto fora dele (na carteira hipotecária), por até dez anos. O valor máximo de financiamento será de 60% do valor do imóvel e a prestação não poderá ultrapassar a faixa de 20% da renda bruta do comprador.
No SFH, os juros são tabelados (12% ao ano além da TR) e o empréstimo máximo é de R$ 90 mil, para imóveis avaliados em até R$ 180 mil. Na carteira hipotecária, o limite é de 60% do valor do imóvel e os juros são de 15% ao ano, além da TR.
Real
O Banco Real está em campanha desde o último dia 20. Entrou tanto dinheiro na poupança -R$ 200 milhões somente neste mês- que o banco reabriu sua carteira de empréstimos pelo SFH e ampliou as linhas já existentes.
"Financiamos não só a compra como a reforma e a ampliação de imóveis novos ou usados", diz Candal Fonseca, diretor do Real.
Ao contrário do Bradesco, o Real não fará cartas de crédito. Os empréstimos serão feitos nos moldes tradicionais, após avaliação do pedido e do cadastro do cliente.
No SFH, as condições são iguais. Somente quem não tem casa própria ou outro financiamento pelo SFH pode candidatar-se à linha. Na carteira hipotecária, que permite a compra de um segundo imóvel ou de residências com valor superior a R$ 180 mil, o Real empresta até R$ 150 mil, limitado a 50% do valor de avaliação, por oito anos de prazo. Os juros são de 14% ao ano, além da TR.
"Baixamos nossa taxa. Antes, cobrávamos 16% ao ano na carteira hipotecária", diz o diretor do Real.
Para as reformas da casa própria avaliadas a partir de R$ 100 mil, o Real financiará até 20% do valor do imóvel, emprestando, no máximo, R$ 50 mil e, no mínimo, R$ 20 mil. O prazo será de quatro anos e os juros serão de 15% ao ano além da TR.

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