São Paulo, sexta-feira, 31 de janeiro de 1997
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Bingo! Pizza!

JUCA KFOURI

Ao saber que a CBF está abrindo um escritório para representá-la em Brasília, o ministro Pelé foi curto e seco. "Enquanto nós tratamos de fazer o futebol brasileiro mudar para melhor, a CBF faz lobby para combater as mudanças."
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Não havia deputado mais feliz no plenário que aprovou a reeleição em primeiro turno que Marquinho Chedid. Menos por convicções a favor da medida e mais por ter sido considerado inocente, horas antes, na Comissão de Justiça da Câmara, da acusação de ter extorquido donos de casas de bingo por ocasião da tristemente famosa CPI do Bingo.
Nada menos que 31 de seus colegas deputados votaram a favor dele e apenas 10 pediram sua cassação.
O atual prefeito de Santos, Beto Mansur, relator do processo na época da CPI, garante que o que não faltam são provas para condená-lo, o que, apesar de altamente improvável, ainda pode acontecer no plenário da Câmara.
Mas cheirava mesmo a pizza, para azar da credibilidade da classe política e de quem apóia a tese da reeleição, como este pobre colunista.
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O Campeonato Paulista deste ano tem tudo para ser dos melhores, tal o nível técnico dos times armados pelos clubes grandes que, na verdade, estão de olho muito mais no passaporte para a Taça Libertadores chamado Copa do Brasil.
Certamente, porém, o Estadual será beneficiado, embora, como está acontecendo em relação ao Rio-São Paulo, não deva atrair mais público que a Copa, a única inovação digna de registro da atual gestão da CBF.
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De olho na CBF, Eduardo Farah jogou pesado para se aproximar de João Havelange. Até biografia laudatória andou patrocinando, certo de que o divórcio de Ricardo Teixeira e Lúcia Havelange, agora consolidado, seria decisivo para ganhar o apoio do homem da Fifa.
Pois perdeu a aposta, não só porque a influência internacional de Havelange entrou em crise como porque sogro é sogro, para o resto da vida.
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Aliás, o problema do futebol brasileiro não será resolvido com trocas de nomes neste ou naquele cargo.
A questão é mesmo estrutural, razão pela qual Pelé luta por uma nova legislação obrigando a transformação dos clubes em empresas, e a CBF quer manter tudo como está.

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