São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Produtos relacionados à visita ao Rio encalham

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

As 75 empresas licenciadas pela Arquidiocese do Rio de Janeiro para vender produtos alusivos à visita do papa temem que o evento seja um fracasso do ponto de vista comercial.
Até o momento, segundo os empresários, as vendas estão muito aquém do esperado.
"Está ruim. Bota ruim nisso", afirma o representante comercial da Kicker Indústria e Comércio de Confecções, Ademir Santana.
A fábrica foi licenciada para vender camisetas e bonés com a imagem do papa e, em troca, dará 10% da receita à arquidiocese.
"Oferecemos as camisetas a pelo menos cem empresas e nenhuma se interessou", diz Santana.
Até agora, segundo ele, a Kicker só conseguiu vender 500 unidades, entre camisetas e bonés.
A FBI (Fata e Bela Informática) produziu mil quebra-cabeças e igual número de suportes para "mouse" de computador com a imagem do papa.
"200, se tanto"
Os produtos estão à venda (por R$ 12,00 a unidade) desde o final de agosto. "Vendemos 200 unidades, se tanto", diz a empresária Fátima Berardinelli.
Ela afirma que todos os que foram licenciados pela arquidiocese estão decepcionados com as vendas.
"Não sei se o brasileiro deixou para comprar na última hora ou se os produtos não despertaram interesse", diz ela.
Até as firmas licenciadas para vender alimento no aterro do Flamengo -durante a missa campal, que será realizada na manhã de domingo- não quiseram investir em estoques.
A arquidiocese espera o comparecimento de 1 milhão de pessoas ao aterro, mas só três empresas solicitaram licenciamento para vender alimentos no local.
O desinteresse é atribuído ao receio de que o aterro seja invadido por camelôs.
A Brasfran Comércio Importação e Exportação Ltda foi credenciada para vender mate gelado no aterro.
João Carlos França, um dos sócios da empresa, diz que se preparou para vender 54 mil copos, porque é novo no ramo e teme a concorrência dos camelôs.
A empresa Lanches Paissandu, licenciada para vender sanduíches, sorvetes e refrigerantes, espera vender 2.000 sanduíches e igual número de sorvetes e de refrigerantes.
Espaço aberto
"O aterro é um espaço aberto. Embora a prefeitura diga que vai reprimir os camelôs, não acreditamos que isso seja possível", diz Lídia Carvalho, representante comercial da empresa.
Apesar do receio das empresas, a comissão organizadora da visita do papa acredita que as vendas vão deslanchar a partir de hoje, com a chegada do papa.
A arquidiocese precisa arrecadar pelo menos R$ 1,15 milhão para quitar despesas já compromissadas e espera receber pelo menos R$ 600 mil das empresas licenciadas.

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