São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Financiar não tem fórmula

DE WASHINGTON; DE NOVA YORK; DE PARIS

Exemplos dos Estados Unidos e França mostram que não há fórmula mágica para arrecadar fundos para museus. Tanto americanos e quanto franceses apostaram na venda de produtos identificados com as instituições. Funcionou na América, não na Europa.
Até os anos 70, os museus de arte dos EUA tinham nos governos a fonte de mais de metade da receita. Em 1996, 31,1% saíram da venda de ingressos, faturamento de lojas, anuidades de associados, revistas, livros e outros programas especiais.
Pela primeira vez, verbas públicas não foram o principal item das receitas. No total, 29,5% dos recursos vieram dos governos, em especial os municipais (15,5%). Contribuições particulares representaram 21,4%.
Nos EUA, a tendência é buscar um aumento no faturamento das lojas. Na do Detroit Institute of Arts, em dez anos, as vendas passaram de US$ 350 mil para US$ 3 milhões. As 34 do Metropolitan Museum (14 nos EUA), de Nova York, renderam US$ 83 milhões em no ano passado. As duas do MoMA (Museum of Modern Art), também de Nova York, amealharam US$ 21 milhões. Não satisfeito, o museu contratou uma ex-vice-presidente das lojas Bloomingdale's para aumentar a eficiência dos negócios.
Na França, o quadro se inverte. Segundo Madeleine Pedriallat, diretora de comunicação da RMN (Reunião dos Museus Nacionais, órgão ligado ao Ministério da Cultura que gerencia 33 museus, entre ele o Louvre e o d'Orsay), os investimentos nas lojas não deram o retorno desejado.
Em 1996, cerca de 8 milhões de pessoas passaram pelos museus no país, um número 12% inferior ao de 1995, que já registrara uma queda de 15%. Como a bilheteria representa até 80% da verba total de um museu, a RMN precisa reconquistar o público para compensar o prejuízo acumulado de cerca de US$ 16 milhões. A meta é voltar à casa de 10 milhões de visitantes ao ano.
"A crise é generalizada, afeta até os museus frequentados predominantemente por turistas", avalia Madeleine. "As pessoas, acostumadas com espetáculos, acabam indo aos museus só quando há uma grande exposição. Mas não há como montar uma grande retrospectiva de um impressionista ou inaugurar um museu novo a cada ano", diz Pedriallat.

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