São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Canteiro de obras

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

O que surgirá do pó em que o Masp está mergulhado há um ano e meio, quando se iniciaram as reformas no edifício da avenida Paulista? Para o presidente Júlio Neves, um museu tão sólido quanto o Louvre, de Paris.
"Não adianta pensar pequeno", diz o arquiteto. "Se tiver dinheiro, deixo o prédio com as mesmas condições dos melhores museus da Europa."
Por ora, no entanto, a construção moderna de Lina Bo Bardi padece de males terceiro-mundistas.
O mais grave: o ar-condicionado, muito velho, só climatiza o primeiro e o segundo andares, além dos auditórios. Não atinge, por exemplo, a biblioteca, no subsolo, o que compromete a conservação de livros raros.
Para piorar, às vezes o ar-condicionado enguiça, e os dois andares -justamente onde está o acervo do museu- se tornam suscetíveis às variações de temperatura e umidade, um veneno para quadros e obras em papel.
Neves promete que, depois da reforma, todo o edifício irá dispor de controle climático.
Outro problema é o envelhecimento do concreto que compõe o Masp. Embora ainda não ofereça riscos estruturais para o prédio, já o afeta esteticamente. A restauração, que acaba de começar, englobará desde as fundações até a fachada.
O edifício também acusa vazamentos e goteiras. Os mais preocupantes maltratavam o segundo andar, resolvidos com a impermeabilização do teto.
O presidente do Masp calcula que precisará de R$ 10 milhões para concluir, no fim de 1998, todas as reformas necessárias.
A soma, considerável, é mais que o triplo dos gastos anuais do museu com manutenção e pagamento de funcionários.
O próprio arquiteto costuma bater à porta dos empresários em busca de dinheiro. Vai, sempre, acompanhado do ex-governador Roberto de Abreu Sodré, um dos sócios do Masp.
Quanto à verba da prefeitura, o museu a conseguiu por meio de uma lei sancionada em 11 de dezembro de 1996 e proposta à Câmara pelo então prefeito Paulo Maluf. "Nossa amizade não interferiu em nada", diz Neves.
A Racional Engenharia -responsável por tocar a reforma- está trabalhando de graça. Deduzirá os gastos de impostos municipais, conforme prevê a Lei Mendonça. A empresa, como Maluf, tem relação antiga com o arquiteto. Construiu os shoppings West Plaza e Paulista, ambos em São Paulo e projetados por Neves.
(AA)

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