São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Comissão do Senado aprova o 'fast track', mas dúvida persiste

A maior resistência parte do partido democrata

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A legislação conhecida como "fast track", ou "via rápida", que dá poderes especiais ao presidente dos Estados Unidos em questões de comércio internacional, superou seu primeiro obstáculo ao ser aprovada ontem pela Comissão de Finanças do Senado norte-americano.
Mas seu destino final ainda é incerto, ainda mais depois de os principais líderes da oposição no Congresso terem dito que as chances de aprovação são pequenas devido ao que consideram falta de empenho do presidente Clinton.
A maior resistência à "via rápida" está no próprio Partido Democrata, o partido de Clinton e que deve dar sustentação política a seu governo.
Por isso, as esperanças de Clinton se concentram na oposição, que tem maioria no Congresso e, por princípio ideológico, sempre apóia teses de expansão do livre comércio no mundo.
O ex-presidente George Bush, republicano, defendeu nesta semana, em Mônaco, a aprovação sem restrições do "fast track".
Vários parlamentares do governo, inclusive o líder na Câmara, Richard Gephardt, querem que se incluam na legislação da "via rápida" a imposição de padrões de respeito ao meio ambiente e exigências de condições de trabalho em todos os países com que os EUA fechem acordos comerciais.
O "fast track"
A "via rápida" permite ao presidente fazer tratados comerciais que o Congresso só pode aprovar ou rejeitar por completo, sem direito de emendar. Clinton tem governado desde 1994 sem tal poder.
Se obtiver a "via rápida", o presidente pretende incluir o Chile no Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta) e negociar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a ampliação da abrangência da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O projeto de lei do "fast track" segue agora para a Comissão de Finanças da Câmara antes de ir para plenário. A declaração de Newt Gingrich, presidente da Câmara, e Trent Lott, líder da oposição no Senado, de que as chances de aprovação são pequenas foi rechaçada pela Casa Branca, sede do governo dos Estados Unidos.
O porta-voz Mike McCurry disse que as observações de Gingrich e Lott foram "curiosas e inoportunas" e que a Casa Branca não compartilha de seu pessimismo.
"A lei vai ser aprovada pelos dois partidos, como aconteceu na Comissão de Finanças do Senado", declarou o porta-voz.
A interpretação do governo é de que Gingrich e Lott estão tentando aumentar o seu cacife na negociação e exageram as dificuldades para a aprovação da "via rápida".
Para conseguir que o Congresso aprovasse o Nafta em 1994, Clinton fez extraordinárias concessões a parlamentares da oposição, que foram indispensáveis para a magérrima vitória do governo. Na época, o Partido Democrata tinha maioria na Câmara e no Senado.

Colaborou a Redação

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