São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997
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Seleção evita 'luta negativa' no Mundial

KARINA OGO
EM SÃO PAULO

A seleção brasileira de judô está investindo na iniciativa para a disputa do Mundial da modalidade, em Paris, de 9 a 12 de outubro.
O objetivo é evitar uma possível observação do "judô negativo" por parte dos juízes. O judô é chamado dessa forma quando o atleta permanece apenas na defensiva e na inoperância por muito tempo, sem tomar a iniciativa dos movimentos que resultam em golpes.
"O atleta só dá a impressão que ataca, mas a sua real intenção é apenas em relação ao cronômetro, ou seja, que o tempo passe, principalmente se ele está ganhando. Quem está procurando o ataque não consegue porque o outro atrapalha.", afirma Antônio Oliveira Costa, 60, árbitro internacional e diretor de arbitragem da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
"A arbitragem passou a ser mais rigorosa nesse ponto, com mais punições. O que a federação internacional quis, ao decidir por isso, foi tornar o judô mais dinâmico e, portanto, mais atraente para o público e para a imprensa", diz Sylvio Abreu, 50, diretor técnico da CBJ.
Para evitar as possíveis penalidades, o técnico da seleção brasileira, Geraldo Bernardes, 55, passou a comandar treinos para que os atletas adquiram maior velocidade.
"Cada árbitro tem uma interpretação. Já tivemos o caso de três atletas que foram desclassificados em um torneio no Rio por uma interpretação apressada do árbitro. Por isso, a necessidade de vários treinos para adquirir velocidade", afirmou o técnico.
A CBJ convidou o árbitro internacional Dante Kaneyama para passar orientações sobre as regras da arbitragem para os judocas.
A equipe -sete homens e sete mulheres- terminou sua fase de treinos anteontem no ginásio do Projeto Futuro, no Ibirapuera. Depois de amanhã, os 14 judocas embarcam para a França.
Quinze segundos
O limite de punições em uma luta por "judô negativo" é de quatro. Na quarta, o atleta é desclassificado, mas a pena pode ocorrer antes, dependendo da intensidade da falta cometida.
"Será o primeiro Mundial em que essa determinação estará valendo. Hoje, em vez de até 30 segundos, os árbitros vão tolerar a falta de combatividade, quando um judoca não responde ao ataque do outro, até uns 15 segundos", afirmou o árbitro Costa.
Os treinos de velocidade são realizados com a repetição dos movimentos em menor tempo.
"Isso exige muito condicionamento físico, que está sendo trabalhado, aliado aos treinos técnicos. Faz parte do processo de acomodação psicológica: estando bem na técnica e na tática, além de fisicamente, o atleta fica mais confiante", disse o técnico Bernardes.

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