São Paulo, quinta-feira, 2 de outubro de 1997 |
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"Não sou músico de jazz", diz Sanders
CARLOS BOZZO JUNIOR
Tocou com Dewey Redman (pai do saxofonista Joshua), Don Cherry (padrasto da cantora Neneh), Ornette Coleman e Sun Ra, mas odeia ser chamado de músico de jazz. "Não sou um músico de jazz. Eu faço world music", disse, em entrevista à Folha por telefone, de sua casa, em Nova York, na última terça, enquanto cozinhava. Seu último CD, "Message From Home", lançado em 96, é repleto de beats hipnóticos, em que o tradicional se mistura ao novo, resultando em suingados mantras pós-modernos. Os harmônicos de seu sax poderão ser ouvidos no Free Jazz, dia 11, em São Paulo, no Bourbon Street; e dia 12, no Rio de Janeiro, no Museu de Arte Moderna. * Folha - No seu último trabalho, "Message from Home", percebe-se cantos que assemelham-se aos dos Bayaka, pigmeus africanos. Você os conhece? Pharoah Sanders - Andei pela África um tempo e conheci alguma coisa dos pigmeus, mas não me lembro se são esses. Folha - Nesse mesmo CD, há um tema chamado Kumba. O que é Kumba? Sanders - Não sei. Folha - Há, no mesmo tema, uma letra. O que ela diz? Sanders - Não sei (rindo). Eles cantam em outra língua. Um momento, por favor... Desculpe, é que estou cozinhando. Vou ser sincero com você, não sei o que cantam. Folha - Qual é sua relação com música? Sanders - Adoro tocar música, mas não sou uma pessoa que quer saber música. Apenas quero tocar, para deixar minha mensagem. Folha - Qual o nome que você dá ao tipo de música que você faz? Sanders - Não sou um músico de jazz. Eu faço world music. Folha - O que você acha da música brasileira? Sanders - Eu adoro essa música. É a segunda vez que vou ao Brasil e... Folha - Quando você esteve aqui? Sanders - Isso foi em 1988, talvez em 89... Não me lembro muito bem, mas tocamos e não recebemos. Folha - Onde e como foi isso? Sanders - Não me lembro, era um grande hotel, e foi alguma coisa mal empresariada... Mas isso ocorre em todo o mundo. Folha - O que você quer tocar para nós? Sanders - Isso será uma surpresa (rindo). Folha - Você trará Hamid Drake (baterista) com você? Sanders - Eu o adoro. Ele pode tocar qualquer tipo de coisa. Mas, infelizmente, ele está fazendo um outro trabalho e não poderá ir. Não escolhi quem irá ainda. Amanhã, vou decidir quem irá comigo. Folha - O que você espera do futuro? Sanders - Espero fazer um disco com músicos brasileiros, porque vocês têm músicos formidáveis aí. Texto Anterior: Musical reúne Derek Walcott e Paul Simon; Festival de NY exibe filme de Almodovar; Vanessa Redgrave vai a festival em Bogotá Próximo Texto: TSOL volta ao punk em SP Índice |
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