São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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Coronel Ubiratan deve perder a imunidade

DA REPORTAGEM LOCAL; DA FT

A Assembléia Legislativa de São Paulo deverá cassar até o final do ano a imunidade parlamentar do deputado estadual Ubiratan Guimarães (PSD), 54, a fim de que o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) possa continuar o processo contra o principal acusado do massacre de 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção.
A previsão é do presidente da Assembléia, deputado Paulo Kobayashi (PSDB), 52. Após cinco anos, os réus do processo não foram julgados. O massacre ocorreu em 2 de outubro de 1992. Guimarães, que é coronel da reserva da PM, chefiou a invasão do pavilhão 9.
"A Assembléia ainda não respondeu ao pedido do tribunal para que seja autorizada a continuidade do processo", disse o 2º vice-presidente do TJ-SP, desembargador Amador da Cunha Bueno Neto. O pedido foi feito em 10 de agosto.
O processo contra Guimarães parou desde que ele assumiu como deputado em 1997. Em relação aos demais 118 réus, a ação continua no 2º Tribunal do Júri.
Kobayashi disse que, embora o pedido do TJ-SP tenha sido feito em agosto, o oficial de Justiça que deveria entregá-lo à assembléia só o fez às 16h de ontem. "Como o deputado (Guimarães) disse que deseja ser julgado, esse pedido deverá ter uma tramitação rápida."
Guimarães disse que o caso é complexo e que, por isso, é natural não ter acabado. "Não concorri à imunidade parlamentar."
No domingo, o procurador-geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey Filho, irá a Washington (EUA) e deporá na quarta-feira no processo da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre o caso. "Explicarei o que o Ministério Público fez para apurar o caso."
Ontem, dois presos tentaram fugir do pavilhão 9. Pela manhã, foi celebrada uma missa na Detenção com participação de presos e representantes da Pastoral Carcerária. Em seguida, houve um protesto "contra a lentidão da Justiça".
Bolsonaro
A PM deveria ter matado 1.000 e não 111 presos no massacre do Carandiru. A afirmação é do deputado federal Jair Bolsonaro (PPB-RJ), principal representante dos militares conservadores no Congresso Nacional. "A Polícia Militar perdeu uma grande oportunidade de matar 1.000, perdeu a oportunidade de fazer uma limpa na vagabundagem desse país", disse Bolsorano ontem em São Paulo.

Colaborou a FT

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