São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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Espanha vai indenizar por óleo contaminado

Incidente de 1981 fez 30 mil vítimas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Suprema Corte da Espanha condenou ontem o Estado a pagar indenizações a pessoas intoxicadas em 1981 após consumir óleo industrial contaminado que foi vendido como óleo de cozinha.
A Justiça condenou ainda dois ex-funcionários do governo a seis meses de prisão por negligência. Outros cinco foram absolvidos.
O caso foi considerado pela Justiça espanhola uma "catástrofe nacional" que deixou cerca de 30 mil vítimas.
A decisão possibilita que vítimas da intoxicação e seus familiares possam finalmente receber compensações pelo incidente, que é considerado o mais grave desastre de saúde pública do país.
O governo da Espanha tem uma lista que registra as 435 mortes diretamente atribuídas ao consumo do óleo e nomes de outras 900 pessoas que foram afetadas pelo produto, mas que morreram de outras causas.
A intoxicação afetou pulmões e sistemas imunológicos das vítimas. Sobreviventes sofreram de dores, paralisias e envelhecimento precoce.
Antonio Garcia de Pablos, um dos advogados que representam as vítimas, disse que era um julgamento justo, mas fez críticas ao governo pela demora de 16 anos em abrir o caminho para que as vítimas possam ser ressarcidas.
Falência
Em um primeiro julgamento em 1989, 13 empresários foram considerados culpados por vender óleo adulterado. Mas eles não pagaram indenizações porque se declararam falidos.
Para Juan Antonio Sanchez, que perdeu dentes e a visão e sofre de tremores como resultado do consumo do produto, a sentença não foi suficiente.
Ele disse que os responsáveis deveriam indenizar as vítimas. "Após 16 anos, isso é tudo o que eles podem fazer? Os responsáveis têm de pagar, pois as vítimas têm deficiências permanentes. Não podemos levar uma vida normal."

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