São Paulo, sexta-feira, 3 de outubro de 1997
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'Caixa de imagens' faz viagem lírica

MÔNICA RODRIGUES COSTA

Se você quiser mostrar a seu filho ou filha um teatro diferente, passe pela fila do Espaço Piccolo, em Pinheiros, e assista à peça-minuto da companhia Caixa de Imagens - Teatro de Animação. Ela acontece às sextas-feiras, entre 21h30 e 23h30.
Isso mesmo, o espetáculo do grupo é encenado enquanto o público espera, e dura poucos minutos. Parece sonho. O cenário é uma caixa de madeira, com sonorização e iluminação (Carlos Gaucho) próprias, apoiada num tripé.
O elenco são bonecos, também confeccionados pelo grupo, manipulados com mestria por Mônica Simões, Evelyn Cristina e Fábio Coutinho.
Como se fossem instantâneos fotográficos animados, as peças da companhia -engraçadas e líricas- são dirigidas a um único espectador, que assiste através da lente de uma câmera lambe-lambe. O poeta moderno é o fotógrafo das praças públicas, produzindo poesia na rua, diria Oswald de Andrade.
O repertório do grupo inclui as peças "El Cocinero", "Em Algum Lugar do Passado", sobre um fotógrafo lambe-lambe, e "Uma Vez, Um Dançarino", esta última, uma homenagem ao mestre da dança butô Kazuo Ohno.
O grupo parece ter saído das feiras medievais. Nesse sentido, evoca a memória do teatro. Propõe que o teatro ocorra na cena pública, paralelo a outros acontecimentos, mas solicita do espectador percepção e emoção individuais.
A Caixa de Imagens torna a precariedade um elemento lúdico também, que revela uma característica histórica do teatro de rua: passar o chapéu. Ou seja, o espectador assiste ao espetáculo e, como com as peças itinerantes, paga o quanto pode ou quer.

CAIXA DE IMAGENS Piccolo Espaço Cultural (r. Girassol, 1.323, Pinheiros, região sudoeste, tel. 870-5884. Sex.: 20h30. Indicado para crianças de 5 a 12 anos.

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