São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Pancadarias de rua ofuscam as conquistas do clã

FERNANDA PAPA
DA REPORTAGEM LOCAL

Rickson, Rorion, Relson, Rolker, Royler, Royce, Rerika, Robin e Rissi. Todos irmãos. Sobrenome Gracie -segundo o pai Hélio, a inicial "erre" dá força.
Os cinco primeiros são especialistas em jiu-jitsu. Invencíveis nos ringues de vale-tudo, o grande marketing da família.
"Mas, além de marketing, é a verdade. Não se sabe de um Gracie que tenha perdido uma luta nas últimas décadas", diz Otávio de Almeida, 44, presidente da Federação Paulista de Jiu-Jitsu.
Recentemente, Renzo Gracie, um primo dos "originais", não venceu seu combate de vale-tudo -luta em que só não se pode enfiar o dedo nos olhos do adversário, morder, beliscar e atacar os genitais. Mas também não perdeu.
A luta foi interrompida no Rio de Janeiro, no último dia 27, por causa de briga entre os torcedores de Renzo e os de seu adversário, adepto da luta livre. Houve tiros, dois feridos e quebra-quebra.
O prefeito Luiz Paulo Conde proibiu as disputas de vale-tudo na cidade, até que seja criada regulamentação rígida o suficiente.
"Infelizmente há gente sem escrúpulo usando o jiu-jitsu de maneira indevida, brigando em ruas e em casos como o do Rio. A má fama está atingindo o esporte e as academias sérias estão sofrendo com isso", diz Otávio de Almeida.
Segundo ele, o crescimento do jiu-jitsu fugiu do controle das entidades oficiais. "Há dez anos, São Paulo tinha cinco academias. Hoje, registradas na Federação, são 70. Mas deve haver quase 200."
Quanto ao ensino da "arte", se for sério, segundo Almeida, terá a ver com o método Gracie. "O Hélio desenvolveu uma técnica de alavanca -em que se aproveita do peso do outro- e postura que surpreendeu até os japoneses."
É característica do jiu-jitsu a imobilização do adversário, por golpes de estrangulamento ("gravatas") e articulação ("chaves de braço e perna") principalmente.
Com a autoconfiança, o atleta, na concepção de Hélio, se torna imbatível. No caso de seus filhos, milionários também. Rickson, que não revela a idade (supostamente tem 37 anos), tem academias nos EUA. Para lutar sábado no Japão, receberá só de bolsa quase US$ 900 mil.

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