São Paulo, domingo, 5 de outubro de 1997
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Dá vergonha ficar nu?

MARIANA SGARIONI

Atores ficam sem graça na frente da mãe e não iriam a praia de nudismo
Participaram desta conversa os atores Paulo Celestino, 40, Fábio de Castro, 26, Leandro Seguro, 20, e Anderson Rizzi, 19, todos da peça Oh! Calcuttá, em cartaz no teatro Maria Della Costa.
Revista - Qual foi a situação em que vocês mais tiveram vergonha por estarem nus?
Fábio - Eu senti muita vergonha quando soube que meu pai e minha mãe estavam na platéia. Meu pai é capitão do Exército, e minha família é super carola. Toda vez que entrava em cena nu, dava um jeito de cobrir o sexo com a mão.
Anderson - Eu também. Tive muita vergonha quando vieram os meus convidados na estréia, minha tia velhinha. Eu já posei nu para uma revista, mas foi bem mais fácil. No palco, é pior, porque tem a família toda olhando.
Paulo - Meu pior momento foi no segundo espetáculo da minha carreira, em 1982. Eu fazia o papel de um homossexual, que entrava em cena nu, com uma toalha na cabeça. No dia da estréia, minha mãe e minha namorada estavam na platéia. Dei um jeito de cobrir o dito cujo com a toalha.
Revista - Vocês já passaram por situações constrangedoras quando estavam pelados? Por exemplo, nos camarins...
Paulo - Quando servi o Exército, aos 18 anos, tinha de tomar banho com a bunda colada na parede. Se caísse o sabonete, tinha de pegar com o pé, equilibrando. Dormir de bruços, nem pensar.
Fábio - Eu já fui jogador de futebol. Nessa época, tinha um japonês que ia para o vestiário enrolado em uma toalhinha. Quando ele tomava banho, batíamos na mão dele só para o sabonete cair. Na peça, tem sempre aqueles babacas que falam: "Ficar pelado do lado dessas gostosas, sem ficar excitado, eu não conseguiria..."
Anderson - Ou então: "Se você aguenta, não sei não, acho que você é gay...".
Revista - O que rola entre atores e atrizes nos bastidores?
Paulo - Minha mulher é do elenco da peça, e nós nos conhecemos na montagem anterior, há sete anos. Tivemos de tirar foto para uma revista, todos pelados, fazendo trenzinho. Eu fiquei bem de frente pra ela, e o inevitável aconteceu. Começamos a namorar!
Leandro - Eu namoro a Jenniffer desde o início da peça. Quando ela teve de tirar a roupa, pela primeira vez, abriu o berreiro. Eu fui lá consolar e já viu, né?
Fábio - Eu também já tive um caso com uma colega, que começou fora do palco, em uma festa.
Revista - Vocês iriam a uma praia de nudismo?
Fábio - Esse ambiente não é de trabalho, então você só pensa naquilo. Se fosse em uma praia dessas, ia ter de ficar dentro da água o tempo todo... (risos)
Leandro - Já eu ia me enterrar de areia até a cintura para ninguém ver!
Paulo - É, sem luz e sem público dá vergonha!

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