São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresa da família de Collor não pagará IR durante 10 anos

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
ENVIADA ESPECIAL A MACEIÓ

Duas empresas da família do ex-presidente Fernando Collor de Mello foram beneficiadas com isenção do IR (Imposto de Renda) pela Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) neste ano.
Tanto o jornal "Gazeta de Alagoas" quanto a Gráfica Editora Gazeta de Alagoas Ltda. não pagarão Imposto de Renda sobre seus lucros durante dez anos.
Os contratos com a Sudene foram assinados há cerca de dois meses, segundo o advogado da Organização Arnon de Mello, Djalma de Mello.
"Foram operações absolutamente legais. Essas empresas tinham direito ao incentivo e apresentaram os documentos que pedimos. Agora, cabe à Receita Federal fiscalizar para checar se não há nenhum problema", disse à Folha por telefone, de Recife (PE), o superintendente da Sudene, general Nílton Bezerra.
Por serem todas companhias de capital fechado, as empresas do grupo Arnon de Mello (nome do pai do ex-presidente Collor) não divulgam balanço. Por isso não é possível calcular quanto as duas empresas beneficiadas deixarão de pagar de imposto.
Recentemente, houve muita polêmica sobre quanto seriam o faturamento e os lucros do grupo porque o ex-presidente Collor tentou explicar seu dispendioso estilo de vida em Miami, nos Estados Unidos, onde vive, dizendo que recebe cerca de US$ 100 mil ao mês das empresas da sua família, das quais é um dos sócios.
Djalma de Mello não quis, em entrevista à Folha, detalhar o faturamento ou os lucros do grupo.
Disse apenas que as empresas -uma televisão (transmissora dos programas da Globo), três rádios, o jornal e a gráfica- empregam hoje cerca de 600 pessoas.
Todas lucrativas
Ele informou também que "felizmente, no momento, todas as empresas estão apresentando resultados positivos".
O grupo decidiu pedir o benefício fiscal oferecido pela Sudene porque "temos de modernizar nosso parque industrial para enfrentar a concorrência, e esta é uma fórmula de incentivo para os empresários investirem nas suas próprias empresas".
Um dos principais concorrentes da "Gazeta de Alagoas" é a "Tribuna de Alagoas", o jornal fundado por Paulo César Farias, o PC. Depois da morte de PC, o jornal passou a ser dirigido por um de seus irmãos, Cláudio Farias.
Também a "Tribuna" está avaliando se vai pedir esse incentivo fiscal à Sudene, segundo Antonio Martins, diretor de operações do jornal. "Estamos começando agora a usar mais intensamente nossa gráfica e estamos propensos a pedir isenção do IR sobre serviços gráficos assim que estivermos cumprindo todas as determinações da Sudene", afirmou.
Djalma de Mello disse que não sabe por que a "Gazeta de Alagoas", fundada em fevereiro de 1934, não requereu anteriormente a isenção do pagamento do IR, um benefício criado pelo governo federal ainda na década de 60.
"Não posso explicar o que acontecia no passado. Posso falar apenas sobre o que estamos fazendo nesses dois últimos anos", disse.

Texto Anterior: O placar do impeachment em SC
Próximo Texto: Grupo renegociou débito com a Previdência
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.