São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Andar de bonde era mais rápido

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando criança, o hoje advogado aposentado Waldemar Corrêa Stiel, 75, morava na rua Vergueiro (na Vila Mariana, zona sudoeste) e pegava toda semana o bonde Ponte Grande para ir ao Clube de Regatas Tietê (em Santana, zona norte). "De bonde eu demorava uns 25 minutos. Hoje, para fazer esse percurso de carro na hora do rush eu gasto, no mínimo, uma hora", diz Stiel, autor do livro História dos Transportes Coletivos em São Paulo, publicado em 1978.
O paulistano que tem menos de 29 anos não viu os bondes circulando pela cidade -a última linha, na avenida Ibirapuera, foi desativada em 1968. Mas esse foi o principal meio de transporte coletivo no início do século, quando a passagem custava 200 réis -o mesmo preço de um chope.
Até então, o transporte era feito por carroças e tílburis (tipo de carroça com dois assentos, puxado por animais). Em 1901, os poucos bondes em circulação eram movidos a tração animal. "Só a partir de 1937 é que os bondes perderam espaço para os ônibus." Mas até 1947, os bondes continuaram transportando a maioria dos paulistanos -65%.
Ônibus
Na década de 50 os ônibus passaram a ter maior importância no transporte coletivo da cidade. O sistema viveu seu apogeu nos anos 70 e, hoje, vive sua decadência.
Em agosto de 1990, a SPTrans registrou o recorde histórico do sistema: 3 milhões de passageiros. Em 97, o número caiu para 2,75 milhões por mês. "É um sistema em crise. Em parte, por causa do crescimento das peruas de lotações", diz Rogério Belda, presidente da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos).
Ele lista outros motivos para explicar a decadência dos ônibus. "A falta de dinheiro faz com que muitas pessoas troquem as viagens curtas de ônibus por viagens a pé. Outras, com maior poder aquisitivo, compraram carros."
Mas, segundo o consultor em transportes Jaime Waisman, a principal explicação para o caos em que o trânsito de São Paulo se encontra é a falta de uma política viária estrutural.
"A cidade tem um sistema viário pobre, sem opções, porque não houve uma preocupação em interligar os corredores de tráfego nos anos 70 e 80. Hoje, o custo das desapropriações quase inviabiliza essas obras", diz Waisman.
(FS)

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