São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Encontro opõe diversidade à globalização

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com o canteiro central da avenida Paulista transformado em uma grande galeria de esculturas e espetáculos e exposições espalhados por centros culturais, igrejas e estações do metrô, São Paulo transforma-se a partir da primeira semana de novembro na capital da cultura brasileira.
As manifestações artísticas são a embalagem do encontro bienal da cultura, de 5 a 9 de novembro, no Memorial da América Latina, que terá como tema a "Diversidade e Integração Cultural no Brasil".
O presidente Fernando Henrique Cardoso participa da abertura e, no dia seguinte, faz uma conferência sobre o tema do encontro. Mesmo que FHC não faça novas revelações sobre a sua árvore genealógica, os participantes terão pela frente um leque de temas que vão da imagem dos imigrantes na literatura aos modelos de financiamento da cultura, passando pela ética, estética e publicidade multirracial com convidados vindos da África do Sul e dos EUA.
Por ali vão circular também relatos de experiências regionais de administração cultural bem-sucedida e informações para espantar o eixo Rio-São Paulo.
Por exemplo: o Estado de Pernambuco sustenta 147 bandas típicas, daquelas de instrumentos metálicos de sopro, 14 com cem anos.
A diversidade foi escolhida como tema como contraposição à globalização dominante nas relações políticas, econômicas e sociais.
O ministério quer, ao tornar públicas manifestações regionais e as que têm como fonte de criação os movimentos imigratórios (portugueses, alemães e outros) e migratórios (nordestinos etc), mostrar que a cultura não é um luxo que se usa em determinados momentos.
Na opinião do professor Antônio Franceschi, um dos integrantes da comissão organizadora do encontro, "a diversidade cultural funciona como oposição à tendência uniformizadora dos governos e estabelece uma relação pacífica na convivência dos contrários".
Para José Álvaro Moisés, secretário de Apoio à Cultura, "a globalização não levou e não leva à homogeneização, pelo contrário, reforça a individualização cultural".
Moisés destaca outro aspecto positivo da diversidade brasileira. Por razões históricas, "e sem querer borrar as diferenças", afirmou o secretário, "a nossa cultura transporta um grau de conflito muito menor do que o multiculturalismo norte-americano".
No dia 9, no concerto de encerramento, "As cantoras Negras Brasileiras", Virgínia Rodrigues, Alaíde Costa, Elza Soares, Daúde, dona Ivone Lara e outras intérpretes se apresentarão no auditório do Memorial da América Latina.

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