São Paulo, segunda-feira, 6 de outubro de 1997
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Ministro redige a 'constituição' da boemia

DA AGÊNCIA FOLHA NO RECIFE

Um processo de revitalização urbana transformou o bairro do Recife, um dos mais tradicionais da capital pernambucana, de uma área decadente em um dos locais mais badalados da cidade.
O trabalho começou em 1995, promovido pela Prefeitura do Recife, na gestão de Jarbas Vasconcelos (PMDB). Continua agora na gestão do prefeito Roberto Magalhães (PFL). O bairro é o centro histórico da cidade.
A revitalização (semelhante à que foi realizada no Pelourinho, em Salvador) consistiu em projeto de urbanização, recuperação e restauração de imóveis e fachadas de prédios. A prefeitura concede isenção de impostos aos empresários que investem no local.
Quase todos os bordéis da área foram substituídos por bares e restaurantes, mudando a face noturna do bairro -antes o principal foco de prostituição do Recife.
Algumas prostitutas ainda fazem ponto no local, mas a grande maioria já se transferiu para outros lugares.
O bairro do Recife tem cerca de 100 hectares, com 44 ruas, 5 praças e 383 imóveis -a maioria servindo para comércio e serviços.
Segundo o IBGE, a população fixa é de cerca de 600 habitantes.
Orson Welles
Apesar das mudanças, o bairro do Recife guarda hoje pelo menos uma das características que tinha no passado: a boemia.
O cineasta norte-americano Orson Welles, que visitou a cidade no início da década de 1940, entrou para a galeria dos boêmios do local: faz parte da história do bairro os porres que ele tomou por lá, em meio a prostitutas.
Hoje, o boêmio mais ilustre de lá é o ministro do Meio Ambiente, Gustavo Krause.
Ele é o autor de uma "constituição" escrita para o bairro e que se encontra grafada sobre os azulejos na entrada do bar Gambrinu's, o mais tradicional do centro histórico do Recife.
"Aqui, todos são iguais perante a primeira dose e desiguais depois da décima", diz a "constituição" escrita por Krause.
O bairro, ainda de acordo com a "constituição", "é o território da paz, das lutas amorosas e da felicidade compartilhada".
O bairro do Recife serviu também como um ponto de encontro entre as bandas e os integrantes do movimento Manguebeat -Chico Science (morto no início deste ano, em um acidente de automóvel), principal nome do movimento, chegou a dar "canjas" em algumas calçadas do centro histórico da cidade.

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