São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997 |
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Programa de Lula prevê taxa extra sobre o lucro
FERNANDO RODRIGUES
A informação foi dada ontem, em Brasília, por representantes dos quatro partidos que compõem a frente das oposições: PT, PDT, PSB e PC do B. Esses partidos também estão em processo de escolha de um possível candidato único para disputar a Presidência. Até agora, apenas o PT apresentou o nome de seu presidente de honra, Luiz Inácio Lula da Silva, para a vaga. "Somos amplamente favoráveis ao imposto de renda progressivo. Quem lucra mais, paga mais. Por isso o nosso programa inclui um imposto sobre lucro extraordinário, especialmente para empresas privatizadas. Além disso, vamos propor, mais uma vez, o imposto sobre grandes fortunas e heranças", afirmou o economista Aloizio Mercadante, do PT. Ainda não está claro como seria esse tipo de imposto extraordinário. O documento fica pronto em uma semana ou dez dias. A idéia é estabelecer faixas de lucratividade para as empresas. Acima de um determinado limite máximo de lucro, o governo cobraria o tal imposto extraordinário. Segundo os redatores do projeto das oposições, o imposto sobre lucro extraordinário é baseado em uma idéia de Tony Blair, primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Por trás da concepção do imposto extraordinário está uma intenção das oposições de tentar corrigir o que julgam ser um processo predatório de venda de estatais. Para alguns representantes das oposições, o governo FHC estaria vendendo empresas estatais de forma descontrolada. Isso propiciaria lucros anormais para os novos donos. O imposto extraordinário sobre lucro corrigiria essa suposta distorção. Enquanto explicavam que será necessária uma ampla reforma tributária e fiscal no país, os representantes das oposições aproveitaram para dizer que suas idéias divergem das de Ciro Gomes, pré-candidato do PPS. "O que ele (Ciro) propõe é algo de cabeça para baixo em relação a nós", disse Vivaldo Barbosa, representante do PDT na equipe. "No livro dele, ele não cita a reforma agrária uma vez", afirmou Marco Aurélio Garcia, secretário de Relações Internacionais do PT. Ao perceber que se estabelecia um clima de beligerância em relação a Ciro Gomes, um dos redatores do documento das oposições resolveu contemporizar: "não estamos preocupados com o Ciro", disse Mercadante. Com cerca de 40 páginas, o documento das oposições deve ser mais genérico do que específico. Mesmo o imposto extraordinário sobre lucro será apenas citado. Texto Anterior: Venda sem compra Próximo Texto: Frente de partidos não se entende Índice |
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