São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Terapias alternativas

FLÁVIO DANTAS

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em cooperação com o Escritório de Medicina Alternativa dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, promoveu em Washington, em agosto, uma discussão informal sobre metodologia de pesquisa em medicinas tradicionais, com 30 especialistas nas áreas de fitoterapia, homeopatia, quiroprática e acupuntura.
Foram especialmente discutidas questões sobre segurança ou toxicidade e eficácia terapêutica, com vistas à formulação de recomendações e diretrizes para pesquisas dos países membros da OMS.
O uso medicinal de plantas no Brasil é uma tradição que abrange quase toda a população brasileira.
A homeopatia -reconhecida como especialidade médica no Brasil desde 1980- é usada há mais de 150 anos. A acupuntura foi recentemente reconhecida como especialidade médica e busca ativamente inserção na comunidade científica. A quiroprática exige conhecimento anatômico para tratar problemas diversos.
Aparentemente, todas essas terapêuticas seriam alternativas socialmente apropriadas à nossa realidade -baixo custo econômico, independência de insumos externos, baixa taxa de efeitos adversos- e deveriam ser mais pesquisadas e divulgadas. Entretanto, muito pouco tem sido feito no Brasil, de forma sistemática e consequente, para estimular um maior conhecimento e uso de tais práticas terapêuticas no SUS.
Os EUA criaram, em 1991, o Escritório de Medicina Alternativa, com dotação orçamentária de US$ 2 milhões, aprovada pelo Congresso, para estudar práticas médicas não-convencionais.
E o Brasil? Não há estrutura apropriada em nível governamental para alavancar e organizar pesquisas na área. À exceção de espasmódicos e magros apoios a eventos, projetos isolados de pesquisa ou concessão de bolsas, poucos resultados são contabilizados.
Cabe ao governo estabelecer diretrizes para a avaliação da segurança dessas terapêuticas. A fiscalização de produtos livremente vendidos à população deve ser ainda mais fortalecida. A avaliação da segurança e da eficácia de tais práticas deve ser realizada sob supervisão e apoio financeiro de agências governamentais, com a cooperação de especialistas em metodologia e praticantes.
Urge a criação de uma estrutura moderna para gerenciar adequadamente a oferta e a avaliação dos serviços de saúde, incluindo as práticas ditas tradicionais. Democratizar o acesso a informações válidas em saúde e oferecer gratuitamente à população alternativas terapêuticas socialmente apropriadas, mais eficientes ou mais seguras é ainda um dever do Estado.

Texto Anterior: Nasce 1ª neta de Roberto Carlos
Próximo Texto: PM invade cadeia e contém motim em Jacareí
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.