São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
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PF terá que tirar dúvidas sobre explosão

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria da República em São Paulo deu prazo de 30 dias para que a Polícia Federal esclareça as divergências periciais a respeito da explosão no interior do Fokker-100 da TAM. Para isso, a PF recebe de volta, hoje ou amanhã, o inquérito sobre o caso.
Ontem pela manhã, os dois procuradores que analisam o caso, Paulo Taubemblat e Pedro Barbosa Pereira Neto, se reuniram com o delegado Pedro Sarzi Júnior, que presidiu o inquérito, e com dois peritos do Secrim (Serviço de Criminalística).
No encontro, os procuradores determinaram complementação dos exames periciais para tentar eliminar as divergências entre os laudos do Secrim -da PF- e do IC (Instituto de Criminalística) -da Polícia Civil.
A explosão, ocorrida no dia 9 de julho, provocou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, jogado para fora do avião a uma altitude de 2.400 metros.
A PF concluiu que o responsável pelo atentado foi o professor Leonardo Teodoro de Castro, um dos passageiros do avião.
Tanto o Secrim como o IC concluíram que a explosão no avião foi provocada por uma bomba, mas divergem com relação às substâncias utilizadas para fabricar o artefato.
Isso pode enfraquecer as provas que a PF diz ter contra o professor -a maior parte delas relacionada a resíduos da bomba encontrados em pertences do suspeito.
Para o IC, o artefato era feito de nitrato de amônia e foi acionado por um detonador de stifinato de chumbo, o que indicaria um certo grau de sofisticação.
A PF, no entanto, sustenta que a bomba era de fabricação rudimentar e foi feita de um composto de nitrato de potássio, enxofre e nitrato de amônio.
Resíduos desses elementos, segundo a PF, foram encontrados em uma luva e em uma pasta que pertenceriam a Castro.
A luva estaria em seu apartamento, o que indicaria que a bomba foi feita lá. Segundo o laudo do Secrim, não foi encontrado qualquer vestígio de detonador.
"Os materiais analisados são diferentes. Talvez por isso as conclusões sejam diferentes", disse o procurador Pereira Neto.
O IC analisou as roupas do engenheiro morto, retalhos de uma das poltronas e pequenos pedaços das fuselagem do avião, nos quais o órgão afirma ter encontrado um fragmento intacto da bomba.
Já a PF, que realizou as perícias junto com técnicos da Aeronáutica, teve acesso a todo o avião e a materiais recolhidos no apartamento de Castro.
"A nossa investigação está completa. É só fechar essa brecha", afirmou o delegado Sarzi Júnior.

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