São Paulo, terça-feira, 7 de outubro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

O futuro do Corinthians

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, parece-me que os defensores do projeto Pelé estão caindo em uma armadilha. A armadilha da tramitação do projeto em regime de urgência.
É claro que se ele puder ser discutido e votado em prazo mais curto -e aprovado- tanto melhor.
Mas tem muita gente que poderia até se aliar ao projeto que não considera que ele deva receber o tratamento de urgência.
O que Pelé e os possíveis aliados precisam avaliar é o que é mais importante: o regime de urgência ou a aprovação do projeto.
Será difícil ganhar uma das duas coisas. Ganhar as duas será quase impossível.
Não manda a lógica da prudência política que se perca no menor para ganhar no maior?
*
O desempenho dos times do Rio neste Brasileiro, puxados pelo Vasco, está muito melhor do que a encomenda -melhor até, na proporção, do que o badalado futebol de São Paulo.
A exceção lá no Rio você sabe quem é, mas se eu escrever...
*
O Corinthians parece perder a supervia da história de vez. O debate entre as diferentes facções que disputam o poder no clube poderia ter sido realizado na década de 30 -e já seria um debate atrasado.
Os corintianos não gostam que eu escreva isso, mas o alvinegro me parece condenado, em perspectiva histórica, a ser um time provinciano, que só ganha Campeonatos Paulistas e com poucas chances de subir no ranking dos melhores times do Brasil.
Até na hora de arranjar parceiros o Corinthians arruma alguém afinado com a sua visão pequena: o atual patrocinador está pagando pela falta de um projeto mais estruturado e mais consistente.
Se não houver uma revolução na administração do time, com gente pensando grande, se o debate continuar sendo sobre quem vai construir a maior sede social etc., pobre Corinthians, pobre Corinthians (aliás, era outro time que nem deveria estar disputando o Brasileiro, graças à sua competente diretoria).
*
Sem poder segurar os jovens valores aqui no país, o futebol brasileiro começa a viver a sua fase de reimportação de jogadores maduros -vamos dizer assim.
O São Paulo saiu na frente nesse processo, com Márcio Santos, Silas e, se tudo der certo, Raí.
Se esses jogadores ainda têm condições físicas (parece que Márcio Santos e Silas não foram muito regulares na última temporada) para aguentar o ritmo intenso de jogos que fazem os grandes times brasileiros, serão muito úteis pela qualidade e pela experiência que acumularam (além de jogar, eles podem funcionar também como auxiliares dos técnicos).
Além disso, o estoque de jogadores está vazio, pois é difícil repor qualidade na velocidade da exportação do pé-de-obra qualificado.
E, em um time como o do São Paulo, onde há uma política sistemática de lançamento de jovens jogadores, a presença no elenco de alguns nomes mais maduros e com experiência internacional só pode pode acrescentar.

Texto Anterior: Estádio é remodelado
Próximo Texto: Esquizofrenia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.