São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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SP registra quatro rebeliões em 13 horas

DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo viveu ontem mais um dia de revolta em cadeias. Foram quatro em cerca de 13 horas -três em distritos policiais e uma na Casa de Detenção.
Em uma delas, no 27º DP (Campo Belo), houve confronto entre presos e policiais. Um detento levou um tiro na cabeça e teve morte cerebral. Pelo menos 15 pessoas ficaram feridas (leia texto ao lado).
Com os casos de ontem, sobe para 21 o número de rebeliões em delegacias da capital. Em todo o ano passado, foram 16 revoltas. Nos presídios, o número também é recorde: 15 casos neste ano, contra 16 nos últimos dois anos. Nos três distritos, o motivo para as rebeliões foi a superlotação.
O primeiro motim começou por volta da 0h de ontem, no 41º DP (zona sudeste), logo após a fuga de cinco detentos por um túnel. Com a descoberta da fuga pela polícia, os 121 presos restantes se amotinaram. A revolta só terminou às 6h.
Por volta das 5h foi a vez dos 73 presos do 98º DP (zona sul) se rebelarem depois de serem interceptados pela equipe de plantão durante uma tentativa de fuga.
Quando foram bloqueados, os presos incendiaram colchões e cobertores e quebraram tudo o que viram pela frente. Mais de 30 presos foram transferidos.
Na Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte), 12 presos condenados por assalto fizeram uma rebelião-relâmpago ontem de manhã e conseguiram facilmente que sua única exigência fosse aceita: ser transferidos para a Penitenciária de Bauru (345 km de SP).
A rebelião teve início às 9h de ontem, quando 12 presos fizeram sete reféns na enfermaria da Detenção. Armados de facas improvisadas, os presos mantiveram os reféns por mais de três horas.
O problema, segundo o órgão, é que 16.289 desses presos já foram condenados e deveriam estar em penitenciárias. Para tentar sanar o problema a curto prazo, a secretaria está solicitando mais vagas para transferir presos condenados.
O secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, não comenta as rebeliões nas delegacias. "Não posso falar sobre aquilo que não é da minha área." Questionado sobre a situação dos presos condenados que não estão em penitenciárias, Marques afirma que o problema existe desde 70.
"Por esse motivo, vamos construir 12 unidades para retirar os presos de delegacias." No total, serão cerca 9.300 vagas. A maior parte dos recursos (75%) vai sair da Secretaria da Segurança Pública.
O juiz-corregedor da Polícia Judiciária, Francisco Galvão Bruno, voltou a afirmar ontem que o número de rebeliões de presos deverá aumentar até o final do ano.

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