São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Peixes mortos tomam 20 km de rio em MS

Suspeita é vazamento de tanque

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

O rio Amambai, no sul de Mato Grosso do Sul, registrou anteontem e ontem uma grande mortandade de peixes -pintados, pacus e dourados. Segundo a Polícia Florestal, uma extensão de cerca de 20 quilômetros do rio ficou tomada pelos peixes mortos.
A principal suspeita da polícia é que a causa seja um vazamento num dos tanques que armazena melaço na usina Coopernavi, em Naviraí (MS), às margens do Amambai -que deságua no rio Paraná.
O comandante do pelotão local da Polícia Florestal, Mizael Alencar, 31, afirmou que a direção da usina lhe comunicou que houve vazamento de cerca 1 milhão de litros de melaço.
Alencar disse que não é possível avaliar qual é o total de peixes mortos. Ele declarou ontem à tarde que parte dos peixes mortos já havia chegado ao rio Paraná, que fica a 50 km da usina, mas ainda não sabia se as águas do Paraná estavam também contaminadas.
O presidente da Coopernavi, Euclides Fabris, 60, confirmou ontem à Agência Folha que houve derramamento de melaço no rio no último domingo, mas disse que foi em pequena quantidade.
Segundo ele, um tanque de 200 mil litros se rompeu por ser muito velho -com 14 anos de uso. Fabris disse que apenas parte desse material entrou no rio. O restante teria ficado no pátio da empresa. Ele negou que o melaço seja tóxico.
O melaço é um líquido viscoso que sobra no processo de fabricação de açúcar.
No tanque onde ocorreu o rompimento, segundo Fabris, ficaria somente o melaço ainda sem preparo para o álcool.
Peixes e amostras de água do rio estão sendo estudados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semades). Exames laboratoriais poderão indicar se houve contaminação por produto tóxico.
A direção da usina informou que a empresa foi vistoriada ontem à tarde por fiscais do Ibama.

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