São Paulo, quarta-feira, 8 de outubro de 1997
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Títulos cambiais superam 15% da dívida

LUIZ CINTRA
VANESSA ADACHI

LUIZ CINTRA; VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início de setembro Banco Central colocou em leilão mais de R$ 7 bi em papéis dolarizados

Uma avalanche de papéis corrigidos pelo câmbio superior a R$ 7 bilhões desde o início de setembro.
Esse foi o remédio adotado pelo governo para acalmar os investidores locais e estrangeiros, preocupados com a possibilidade de a crise asiática fazer estragos na saúde do real.
Ontem, o Banco Central fez um leilão de R$ 1,6 bilhão das chamadas NBC-E (títulos do próprio BC atrelados à variação do câmbio).
Somente com essa venda, a participação de papéis cambiais no total da dívida pública (em títulos) -que era de R$ 154 bilhões no final de agosto- saltou de 14,9% para 15,9%, segundo cálculos do Lloyds Bank e do BankBoston.
Esses títulos oferecem a quem os compra proteção contra uma eventual oscilação cambial mais forte, porque, embora emitidos em reais, são corrigidos pela taxa de câmbio.
"A crise asiática preocupou o mundo todo, não só o Brasil, e o governo agiu corretamente ao fornecer ao mercado a proteção demandada", avalia o diretor de tesouraria do BankBoston, Marcio Verri.
O diretor do Lloyds, Reinaldo Le Grazie, concorda que a atitude foi acertada, mas discorda das causas do "nervosismo" do mercado.
"Houve um crescimento natural da demanda por proteção cambial em 97 em função do aumento da entrada de investimentos estrangeiros no país. Qualquer investidor, como montadoras ou participantes de privatizações, que traga dinheiro para o país, aumenta sua exposição ao risco cambial", afirma.
Para Grazie, a maioria dos investidores não acredita que o Brasil sofra os efeitos da crise asiática, ou que o governo brasileiro promova um ajuste do câmbio, mas não pode deixar de fazer seguro para seu dinheiro.
O fato é que a oferta de títulos atrelados à variação cambial, que em maio foi de R$ 1,4 bilhão, não parou mais de crescer.
Em setembro foram vendidos R$ 3 bilhões e em outubro já foram mais R$ 4,3 bilhões, sempre levando em conta os leilões de NTN-D e de NBC-E, os dois papéis cambiais usados pelo governo.

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